quarta-feira, 30 de julho de 2008

Novas cicatrizes

Sidney Silveira
Muitos visitantes deste espaço já se deram conta da natureza espiritual do combate aqui travado contra a cosmovisão liberal (e não contra pessoas, repito uma vez mais). São inúmeras as manifestações de gente que nos tem enviado mensagens nesse sentido, de vários lugares do Brasil e mesmo de fora do país (Portugal, Espanha, Argentina, Uruguai), agradecendo-nos por lhes abrir os olhos para o perigo do liberalismo, tão deletério para a fé ainda quando nela se imiscui — ou por isso mesmo.

Tem havido também algumas incompreensões (em relação a pessoas de real valor que, certamente, têm muito mais merecimento do que nós, que já temos tantos pecados impressos na alma, contra cujas imagens lutamos com as armas da fé e recorrendo aos Sacramentos, sinais sensíveis da Graça). Quanto a esses irmãos na fé, temos a esperança de que o tempo desfará as nuvens. Na verdade, estas são novas cicatrizes, talvez de um ou outro “osso” lascado, mas nunca com má-intenção ou desrespeito, pois essas pessoas são igualmente filhos adotivos de Deus e — repito — com muito maior mérito do que eu e o meu amigo Nougué. E vale dizer que as cicatrizes têm uma grande utilidade, pois nos fazem reolhar a fé e contemplar o que é perfeito, único consolo para a nossa humana imperfeição. Sendo assim, lembrando que, no “autógrafo” da Suma Contra os Gentios, em muitas passagens Santo Tomás escreveu “Ave Maria” (certamente para rezar em meio à investigação filosófica dos excelsos mistérios de Deus), e tendo também a Nossa Senhora como protetora e medianeira, a ela suplicamos:

Ó, Virgem Perpétua, Maria Imaculada, Santa Mãe de Deus e nossa amada mãe, ajudai-nos a trabalhar apenas da forma que Vos aprouver, nunca fiando-nos em nós mesmos, mas no exemplo que Vós nos destes no Magnificat. Somos vossos filhos e não nos envergonhamos disto diante dos homens. Socorrei-nos, ó Virgem, no pedido que agora fazemos: não permitais que a nossa boca se rebaixe à altura dos nossos tão numerosos pecados, mas que se mire no vosso santíssimo exemplo de pureza, toda vez que a abrirmos para falar da Santa Igreja, que tanto bem nos fez e nos faz, a nós, que muito demoramos a nos converter — e que tantas vezes obstamos a ação da Graça com as nossas paixões desgovernadas. Com lágrimas nos olhos, neste exato momento, temos a alegria de dizer: Vós sois a nossa Rainha e Mãe, e em Vós nós nos refugiamos como filhos indefesos. Muito obrigado por dar-nos a coragem de louvar-Vos publicamente! Sem a Vossa ajuda não o conseguiríamos e cairíamos na frieza que faz da fé um placebo psicológico, quando sabemos da importância de um testemunho verdadeiro. E que nós o façamos outra vez, se Vós assim o quiserdes. Mas que nos calemos, se assim o desejardes e se a nossa ação for motivo de queda para as almas.

Amém!