segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Escritos pré-conversão (VII): Raul Pompéia


Sidney Silveira
Eis mais um texto da série a que anteriormente aludi, agora sobre Raul Pompéia. Bem, como já se disse noutra ocasião, os títulos, subtítulos e legendas de fotos destas resenhas eram feitos pelo editor do jornal, razão pela qual quando se errava não havia como consertar. No caso, alguém pôs que Pompéia era escritor do "século passado", quando na verdade ele viveu e morreu no século XIX (o retrasado). Outra coisa que retiro da minha conta: a inadvertida troca da correta palavra "sacrifical" por "sacrificial"...
Em tempo: Não custa destacar que as ilustrações desta breve resenha foram feitas pelo próprio Pompéia para o seu famoso Ateneu.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O novo encontro de Assis e um texto do "Fratres in Unum"

Sidney Silveira

Muitas vezes, a caricatura é um santo remédio para dar um choque nas pessoas e levá-las à percepção de alguns aspectos da realidade. Não por outra razão indico a leitura deste texto do Frates in Unum, que faz alusão ao inacreditável, tremendo, medonho, nefasto, abjeto, anticatólico (e todos os adjetivos que a estes se possam acrescentar) encontro de Assis II, a realizar-se em outubro deste ano, um tristíssimo ato da Igreja mainstream de prosternar-se no altar do mundo, dialogando, dialogando, dialogando, em vez de ensinar a fé e chamar todos à conversão — como Cristo ordenou.

O ecumenismo, na forma como é proposto atualmente, é um dos maiores crimes contra a fé em toda a história eclesiástica, e dá-me nojo, asco, repulsa, etc., ver como alguns católicos leigos ligados a movimentos neoconservadores no Brasil fazem de tudo para difundi-lo — com o nome eufemístico oficial de "diálogo inter-religioso". Outros apenas covardemente se calam, embora não concordem com os absurdos a que hoje assistimos. Para vocês terem uma idéia, de acordo com Santo Tomás de Aquino (Doutor Comum da Igreja), o Islã, apenas para dar um exemplo, sequer pode ser dito, em sentido próprio, uma "religião", e as razões por ele apresentadas na Suma Contra os Gentios para justificar esta posição estão em uma extensa nota da apresentação ao livro Raimundo Lúlio e As Cruzadas, edição trilíngüe (catalão, latim, português) que pode ser adquirida aqui. Não me alongo sobre isto porque não me cabe; aliás, eu, que me considero um pecador tão indigno da fé que professo, apenas peço a Deus para ver o dia em que serão desmascarados tanto extra como intra Ecclesiam estes católicos promotores de doutrinas anticatólicas, sejam leigos ou autoridades eclesiásticas, os quais já haviam sido denunciados por Pio X na Pascendi. E este dia há de chegar porque é promessa de Cristo que as portas do inferno não prevalecerão.

A propósito, o ano começou pessimamente, com o anúncio de "Assis II" e da beatificação literalmente the flash de João Paulo II, o Papa que — na prática e na teoria, com os seus atos e o seu magistério — levou o ecumenismo à posição que hoje goza. O que de alguma maneira me "conforta" e ao mesmo tempo dá uma grande liberdade de ação e pensamento é não ter esperanças humanas de melhora; só mesmo um milagre verdadeiramente extraordinário poderia alterar a atual situação da Igreja e, por conseguinte, do mundo. Há, eu sei, aqueles irmãos católicos que acreditavam em uma mudança de rumos no atual papado, uma reviravolta doutrinal e política na direção da Tradição, mas preciso dizer que nunca fui de tal parecer, coisa que inclusive disse ao Prof. Fedeli quando, no começo de 2010, poucos meses antes de falecer, ele veio à minha casa — ocasião em que passamos uma noite agradabilíssima falando de nossas divergências tópicas e nossas convergências utópicas e fizemos uma prece diante de uma bela imagem de Nossa Senhora que tenho em minha sala, antes de nos recolhermos... Rezo e torço para a tal da mudança de rumos, é claro, mas até onde a vista humana alcança esta não parece ser a vontade de Deus para o nosso tempo. A tendência clara é de agravamento da situação, com o aumento dos escândalos (como aliás temos observado nos últimos anos), tanto litúrgicos como pastorais, doutrinais e, por fim, morais/sexuais. Que Deus nos acuda.

Escritos pré-conversão (VI): Nelson Rodrigues


Sidney Silveira
Seguindo a presente série, a resenha de agora é sobre um livro de crônicas futebolísticas de Nelson Rodrigues, o famoso dramaturgo — torcedor do Fluminense como eu. Lembro de ter ficado "fulo" da vida porque o redator do jornal, à minha revelia, trocou a expressão "governo militar" por "repressão militar". A propósito disto, vale dizer que a defesa de João Saldanha feita por Nelson Rodrigues referia-se, obviamente, não ao fato de ele ser comunista, mas sim por haver sido defenestrado da seleção brasileira após um grande trabalho como treinador, em 1969, apesar de ser comunista... E sobre o Nelson dramaturgo, quem sabe valha a pena escrever outro texto, apontando os problemas intrínsecos de suas peças, do ponto de vista da teologia moral?
Em tempo: Não escondo de ninguém que, mesmo depois de convertido, não perdi o meu gosto por futebol e pelo Fluminense. Apenas tento ser bem mais comedido.
Em tempo 2. Agradeço aos vários emails recebidos com menção à postagem sobre o que é o milagre. Depois, com mais vagar, farei alguns acréscimos a esse texto.

Escritos pré-conversão (V): Jacques Le Goff


Sidney Silveira

Prossigamos com a série a que aludi noutro post. Nesta resenha sobre uma biografia de São Francisco de Assis escrita pelo medievalista francês Jacques Le Goff, apontavam-se incongruências, em seu método de cariz materialista, para a análise da vida do Santo (fato que acontecera também com o seu São Luís). Pois bem, como esse texto foi publicado há quase 10 anos (em 21/07/2001), observo o quanto, no melhor sentido da palavra, evoluí entre outras coisas na minha compreensão das coisas eclesiásticas, pois ali se dizia que a Regra Bulada de São Francisco fora, em 1223, "amenizada em pontos capitais por questões políticas da Igreja", quando na verdade hoje sei que se tratou de uma correção espiritual do Magistério quanto a alguns exageros na Regra que havia sido oralmente aprovada em 1221 por Inocêncio III. Mas esta é uma história para ser contada noutra ocasião...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Milagre: o que é, como é e de onde provém


Sidney Silveira

Milagre, na acepção da palavra, é um evento extraordinário que não obedece à ordem natural nas coisas em que se dá. A etimologia do termo (do latim miror, ari = admirar-se) aponta tratar-se de algo que não sucede natural e habitualmente. Veremos, a seguir, que desconsiderar o sobrenatural como causa do milagre é um erro primário, proveniente ou de um cabal desconhecimento dos princípios da metafísica tomista, ou da pura e simples má-fé de pessoas cujo objetivo é inocular doses cavalares de naturalismo na teologia católica, já tão corrompida pelo vendaval modernista pós-conciliar que causou a gravíssima crise em que jazemos há 45 anos. Creiam: hoje existem professores de filosofia — na Igreja ou próximo a ela — que trabalham com sistemática diligência para evitar que o catolicismo produza alguma mente verdadeiramente teológica. Têm medo disto como o diabo da Cruz.

Para estabelecermos a natureza, a possibilidade, o escopo e as causas do milagre, convém levar em conta o que diz Aristóteles na Física, a saber: a natureza é o princípio intrínseco de — perpétuo — movimento e repouso dos entes.* Acrescente-se a esta definição a premissa metafísica de que, na ordem do ser, os entes operam no limite de suas formas (é clássico o axioma “a forma é princípio de operação”). Assim, cada ente, em seu radical actus essendi, está circunscrito por um conjunto de tendências e possibilidades, intrínsecas e extrínsecas, atualizáveis em ou por sua forma, ao qual chamamos potência. Por esta razão se diz que a natureza não dá saltos, e mais: ela nunca, jamais, poderia dar o salto maior de todos, o de transitar do nada ao ser. É, pois, necessário que ela seja literalmente criada por algo que esteja além de todos os entes naturais, quanto ao ser; e este é aquele a quem normalmente chamamos Deus.

Assentemos, pois, o seguinte: em sentido absoluto, todo milagre é uma atualização — nos entes — da omnipotência divina. Explico-me: de potentia absoluta, Deus, que é o Próprio Ser, pode levar qualquer ente a atualizar possibilidades que não estão inscritas em sua forma. Pode fazer um corpo pesado flanar, contrariando todas as contingências físicas e atmosféricas que agem sobre ele; pode fazer o pão ázimo transformar-se no Corpo de Cristo; pode ressuscitar os mortos, etc. Em todos estes casos, os eventos não sucedem em razão da virtude operativa dos entes em questão, a menos que imaginemos que um corpo pesado naturalmente flane, ou que um pequeno pedaço de pão possa, por si mesmo, transformar-se no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo, ou ainda que um cadáver seja dotado de potência ativa para reassumir a vida, como se despertasse de um cochilo. Por todas estas razões, afirma Tomás de Aquino, na Suma Teológica (I, q. 110, a.4), que, em sentido próprio, ninguém senão Deus pode fazer um milagre (ex hoc ergo aliquid dicitur esse miraculum, quod fit praeter ordinem totius naturam creatar. Hoc autem non potest facere nisi Deus).

Para deixar as coisas ainda mais claras, registre-se que o milagre não é uma operação oculta da natureza, pois neste caso a sua fonte não seria divina. Em síntese, ter uma causa oculta é um aspecto acidental, e não essencial, em sentido metafísico, de qualquer evento miraculoso. Se assim não fosse, toda causa oculta para a nossa consciência seria miraculosa em sentido absoluto (simpliciter), o que não é verdade. De fato, a causa mais oculta para os homens é Deus mesmo, causa causarum, que de ninguém é conhecido em seu Ser, mas o que nos interessa estabelecer aqui é a essência do milagre, e não apenas apontar algumas de suas propriedades ou conseqüências — como o fato de a sua causa ser desconhecida por nós. Ouçamos novamente o Doutor Comum: “Na definição de ‘milagre’ se põe (...) uma coisa que ultrapassa a ordem natural, dizendo que ‘supera as potências da natureza’” (De Potentia, q. 6 art.2). Em outra passagem, Tomás nos leva a concluir que a circunstância de deixar-nos maravilhados, estupefatos ou atônitos é, tão-somente, um efeito conseguinte do milagre, pois este é em si um acontecimento "fora da ordem observada naturalmente nas criaturas" (Suma Contra os Gentios, III, c. 101).**

Pois bem, considerados estes princípios, é preciso fazer, com Santo Tomás, outras distinções no que diz respeito às possibilidades da natureza e a intervenção, nela, do sobrenatural, que caracteriza o evento miraculoso. Isto porque, não raro, embora a causa eficiente do milagre seja sempre sobrenatural, muitas vezes ela opera nos próprios limites da natureza, seja acelerando um processo (como a cura de uma enfermidade), seja recuperando uma determinada virtude (caso de uma mulher antes estéril que dá à luz, etc.).

A propósito, neste contexto são três os gêneros de milagre arrolados pelo Aquinate na Suma Contra os Gentios (III, c. 101):

Ø Quando Deus faz uma coisa que a natureza não pode realizar por absoluta impossibilidade metafísica (como nos casos acima citados da ressurreição dos corpos, da transubstanciação na Eucaristia, etc.);

Ø Quando Deus faz algo que, por princípio, a natureza poderia realizar, mas não na mesma ordem de coisas, naquele indivíduo e em dado momento, devido a impedimentos acidentais, na perspectiva metafísica (que um paralítico volte a caminhar e um cego a ver, considerando aqui o seguinte: caminhar e ver são potências naturais inscritas na forma entis humana, mas que estavam circunstancialmente impedidas em determinado homem, etc.);

Ø Quando Deus faz algo servindo-se instrumentalmente das potências inscritas na natureza, para apressar um processo que ela mesma realizaria por vitude própria (como por exemplo a cura de uma febre).

Em todos estes casos, a causa final e a eficiente são absolutamente sobrenaturais, pois se trata de um influxo direto do sobrenatural no natural. Mas há ainda coisas por indagar, e uma delas é a seguinte: porventura é o milagre ontologicamente possível? Ora, quando falamos de possibilidade nós o estamos fazendo de um ponto de vista metafísico, perguntando como algo — nesta ordem de coisas que são — pode ou não ser atualizado, pode ou não suceder. E a primeira resposta que se nos impõe é a seguinte: a possibilidade do milagre radica na omnipotência do ser infinito, que é Deus.

Citemos novamente o Aquinate:

“Deus — que é a causa do ser das coisas naturais; que conhece todas as criaturas e a todas provê; que não age premido pelas necessidades da natureza — pode alterar o curso da natureza com relação aos seus efeitos particulares (...). Não há dúvida de que Deus pode operar sem o concurso das causas [naturais] atuando independentemente delas e produzindo nelas os efeitos que produz em virtude do seu Próprio Ser (...) e também pode Deus produzir coisas que vão contra o curso comum usual da natureza”. (De Potentia, q. 6, art. 1).

Neste contexto, vale lembrar que, em diferentes obras, Santo Tomás insiste que nem os anjos nem demônios podem realizar milagres, assim como também os santos. Quando um milagre ocorre por ação de um santo ou de um anjo, o Aquinate lembra que estes atuam apenas como causa instrumental, sendo a causa principal, sempre, Deus mesmo. Com relação aos demônios, eles só podem realizar milagres aparentes porque estão fora da ordem da Graça gratis dada, por meio da qual o milagre acontece nestas ocasiões.

A possibilidade radical do milagre está, portanto, no Próprio Ser Subsistente que não possui mescla de potência passiva e é, na realidade, o criador e também o mantenedor de todas as coisas no ser. Em resumo, sem o Ipsum Esse não haveria entes de forma alguma; ademais, assim como um homem, ordenando a matéria, a faz “obedecer” a seus comandos e executar fins que, sem a ação de sua inteligência, ela jamais poderia atualizar sozinha, assim também Deus, dada a sua potência absoluta, pode fazer com que os entes obedeçam a Seus desígnios, daí dizer o Aquinate em diferentes obras que, em todas as criaturas, há uma potentia obedentialis.

Entre as finalidades do milagre, de acordo com o Aquinate, duas se destacam: sustentar a fé dos crentes, conduzindo a inteligência deles à excelsa profundidade dos mistérios revelados; e confirmar a verdade do magistério e a autoridade de ensiná-la (Suma Teológica, II-II, q. 178, a.1).

* A crítica que faz Santo Tomás a este conceito de natureza, num de seus comentários a Aristóteles, não o joga de todo por terra; o Aquinate apenas aponta que o conjunto de entes naturais não pode ser todo deste tipo, ou seja, ter apenas princípios intrínsecos de movimento e repouso, pois neste caso o universo seria autocriado, o que é absurdo, pois nada pode movimentar-se para ser o que é a partir de si mesmo. É preciso, pois, haver uma causa supra naturam extrínseca para todos os entes naturais, razão pela qual a natureza é, como o próprio Tomás o afirma, Ars divina.

** Nesta mesma passagem do livro De Potentia Dei, afirma o Aquinate que há uma diferença entre milagre (miraculum) e maravilhamento (mirabilia), pois o primeiro diz respeito à essência do evento miraculoso, e o segundo, a um aspecto extrínseco a ele, acidental. Nas palavras do Santo Doutor, o milagre é superior à nossa capacidade de com ele admirar-nos.

Escritos pré-conversão (IV): Lima Barreto


Sidney Silveira
Eis, acima, mais uma das resenhas desta série de escritos de uma época anterior à minha conversão ao Catolicismo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Escritos pré-conversão (III): Pedro Nava

Sidney Silveira

Eis, acima, outro texto desta série de escritos pretéritos de crítica literária (publicados no jornal O Globo). Agora, sobre o memorialista Pedro Nava. Lembro-me de que, muitas vezes, em razão da limitação de espaço, era necessário cortar uma idéia ao meio, enfeiar uma frase...

Desse breve escrito, gosto da idéia de que, em sua completude, o passado só pode ser adivinhado, pois a alma humana não consegue recosturar o pano inconsútil do tempo naqueles pedaços que se perderam. Hoje eu reelaboraria este pensamento, embora matendo-lhe o essencial: a impossibilidade ontológica de, em nossa condição, conhecer o próprio passado com perfeição.

Em tempo: Ao clicar duas vezes na imagem mal "scanneada" (incompetência minha!!!), é preciso, para conseguir a leitura completa, arrastar um pouco o cursor para a esquerda. Pelo menos no meu monitor...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Tragédia em Friburgo (RJ): ajuda aos necessitados

Sidney Silveira

Uma das sobrinhas de D. Tomás, prior do Mosteiro da Santa Cruz, em Friburgo, envia-me o email cujo texto segue abaixo:

“Queridos,

como vocês sabem, minha cidade de Nova Friurgo foi uma das assoladas pelas últimas fortes chuvas. Minha família passa bem, meu bairro não foi afetado. Porém, temos vários amigos que tiveram suas casas completamente inundadas pela água barrenta e, conseqüentemente, perderam todos seus pertences: roupas, móveis, utensílios. Alguns amigos morreram.

Muitas famílias perderam a casa completamente, levada pela chuva ou soterrada. Estas pessoas estão em abrigos especiais que as acolheram, onde recebem comida, roupa e água. Porém, aqueles que não perderam a casa completamente não vão para os abrigos, pois ainda têm casa. Estão pouco a pouco tirando quase 1 metro de lama que ficou dentro da casa.

É para estes amigos que venho pedir a ajuda de vocês. Estão chegando bastantes doações, mas elas vão todas para os desabrigados, fazendo com que essa última categoria de pessoas fique um pouco "abandonada" à ajuda de amigos e familiares para reconstituirem sua casa. Essas pessoas não têm roupas, não têm utensílios, não têm nada. A comida conseguem comprar, mas é impossível reconstituir uma casa inteira de uma hora pra outra.

Se cada um pudesse doar pelo menos uma muda de roupa (1 blusa + 1 calça + 1 meia, por exemplo, masculina ou feminina) já seria de grande valia e ajuda. Se tiverem utensílios de cozinha, ou do dia-a-dia que não estejam mais usando, passem para quem está precisando muito. Eu fico encarregada de recolher e entregar pessoalmente a estes amigos que tiveram somente a parede de suas casas poupadas. As doações oficiais não chegam até eles.

Se puderem doar algo, respondam-me para combinarmos como recolher. Estou indo para Friburgo hoje, volto na 2a. feira de carro para buscar mais donativos.

Agradeço desde já, abraços a todos”.

Portanto, quem (sobretudo no Rio de Janeiro) puder e quiser ajudar, por favor, envie email para leticiafcosta@yahoo.com.br.

Breve aviso

Sidney Silveira
Aos que nos têm escrito, aviso: esperamos retomar o ritmo habitual de postagens nos próximos dias. Saudações a todos.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Novo número da revista “Le Sel de la Terre”: a contracepção e o Magistério modernista


Sidney Silveira

Chegou-me por estes dias o número 75 da revista Le Sel de La Terre, dos dominicanos de Avrillé. Um dos textos, particularmente, destaca-se: Paulo VI e a contracepção — uma condenação hesitante e tardia, assinado por Marie-Dominique O.P.

Como não poderia deixar de ser, esse texto remete-nos, ao fim e ao cabo, à questão sobre o uso de preservativos suscitada recentemente na mídia internacional, graças a uma declaração heterodoxa e não-magisterial do Papa Bento XVI acerca do assunto, abordada em uma série de textos do Contra Impugnantes.

Marie-Dominique faz um passeio no tempo e remonta ao ano de 1956, quando surgiu a pílula anticoncepcional nos EUA — e mostra como, desde então, a pretexto de “diálogo” com o mundo, o Magistério foi abrindo brechas doutrinais para acomodar-se à modernidade e a suas demandas. Neste contexto, lembra-nos o autor francês que o Papa Paulo VI simplesmente retirara o tema da contracepção da pauta do Concílio Vaticano II, confiando-o a uma Comissão “especializada”: a Comissão para o Estatuto dos Problemas da População, da Família e da Natalidade (nome altamente sugestivo, prolixo e dúbio, como sói acontecer com o Magistério desde os "ventos de modernidade" da época do Concílio).

Das postulações da referida Comissão até a redação dos textos da Gaudium et spes, Marie-Dominique mostra como a mentalidade contraceptiva foi penetrando subrepticiamente na Igreja, com a supressão da prole como inarredável bem (e fim principal) do matrimônio. Daí até a Encíclica Humanæ Vitæ, de Paulo VI, o caminho percorrido esteve permeado de meandros nem sempre muito claros — que culminaram no texto da referida Encícicla, o qual, apesar de algumas frases ortodoxas, é permeado de imprecisões e omissões. A propósito, a quantidade de vezes em que o ato conjugal é evocado na Encíclica já denota claramente uma mudança de timbre do Magistério, que vai cada vez mais enfatizar o aspecto subjetivo do amor entre os esposos em detrimento da razão de ser do matrimônio, conforme a Tradição.

A contraposição entre a Humanæ Vitæ, de Paulo VI, e a Casti Conubii de Pio XII, no texto de Marie-Dominique, tem um caráter de prova documental da mudança do Magistério no tocante ao matrimônio cristão. Tem caráter de evidência.

Cada vez mais me convenço: quando se começa a estudar a fundo e a contrapor o Magistério tradicional ao que nasceu do espírito do Vaticano II, não há como defender a chamada hermenêutica da continuidade.

O que nos espera, a partir de agora, é algo que a minha fértil imaginação não alcança...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Escritos pré-conversão (II)


Sidney Silveira
Seguindo o que se disse no post anterior, serão publicados no Contra Impugnantes alguns textos escritos há anos (e veiculados no caderno literário do jornal O Globo), numa época pré-conversão de minha vida. No caso deste, vale dizer que, naquele tempo, eu ainda não enxergava o caráter gnóstico que parece servir como pano de fundo de toda a Divina Comédia, sobretudo o Inferno de Dante. Hoje certamente a resenha sairia noutro tom — e com considerações muito diferentes...
P.S. Uma das razões para eu deixar de escrever para suplementos literários é que, não raro, por questões de espaço, algum redator mexia no texto inadvertidamente — e eu ficava furioso. Ora se acrescentava uma palavra, ora cortava-se uma frase, e o texto perdia força e graça. Eu era um colaborador chatíssimo, pois exigia que me passagem o texto final antes de ser publicado, dizendo que, no caso de haver alguma necessidade de mudança, eu mesmo a faria... Nem sempre "colava". No texto acima, há alguns advérbios e adjetivos inseridos à minha revelia.
Em tempo. Como no caso anterior, ao clicar na imagem acima, ela aparecerá noutra tela e será preciso pôr o cursor sobre ela e clicar novamente, para aumentar a visualização e ler o texto.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Tempos e escritos idos...


Sidney Silveira
Durante alguns anos (isto há quase uma década!), escrevia eu algumas resenhas para o caderno "Prosa & Verso", do jornal carioca O Globo*. Eram minicríticas literárias. Pois bem: uma pessoa amiga que acompanha o blog pediu-me que postasse alguns desses textos no Contra Impugnantes, e eu atendo a ela porque, pensando bem, como registro de uma época da minha vida — e do papel que, já então, eu acreditava caber à crítica —, acho que vale a pena resgatar uma parte desses escritos. O curioso é que, relendo hoje algumas dessas resenhas e lembrando terem sido redigidas antes da minha conversão ao Catolicismo, não deixa de ser curioso constatar que alguns dos valores aos quais adiro já estavam latentes... esperando irromper. Em suma, ao relê-las sou tomado pela convicção de que, sem a fé, o máximo alcançável é o seguinte: uma moral que, mesmo vislumbrando o certo e o errado, não logra renunciar com perfeito consentimento ao mal.
Em tempo: Ao clicar na imagem acima, ela aparecerá noutra tela e será preciso pôr o cursor sobre ela e clicar novamente, para aumentar a visualização e ler o texto.
Em tempo2: As imagens e a diagramação — não me parece ocioso frisar — são de responsabilidade do jornal... Assim como o título e o subtítulo.
* Como se pode ver clicando no link d'O Globo, as manchetes referem-se à tragédia que atingiu ontem a Região Serrana do Rio, deixando vários mortos e muitos desaparecidos. Rezemos por eles. Particularmente a algumas pessoas que me perguntaram como está o Nougué (que mora em Friburgo, uma das cidades mais atingidas), respondo: ele está bem, no Uruguai, passando uns dias com a família de sua esposa.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Johann Pachelbel: a beleza da música barroca

Sidney Silveira
Compartilho com os nossos leitores o vídeo de uma famosa peça de
Pachelbel, o Cânon em Ré maior. Cada vez mais a música barroca me encanta — pela simplicidade profunda, pela delicadeza harmônica, pela espiritualidade que expressa.
P.S. Um grandíssimo amigo chamou-me a atenção para o fato de que o Cânon de Pachelbel é em Ré maior, e não em Dó, como estava. Portanto, correção feita!!!!

Tira-gosto do livro “O Êxtase da Intimidade”

Sidney Silveira

Quem já participou do processo de edição de um livro (revisão dos textos, diagramação, capa, etc.), sabe muito bem o trabalho que dá. Mas se o livro é acalentado com todo o carinho e inserido num projeto de divulgação da obra de Santo Tomás de Aquino, como é o caso das obras do Aquinate ou sobre ele que a Sétimo Selo edita, esse trabalho é sempre prazeroso. Assim está sendo com O Êxtase da Intimidade – Ontologia do Amor Humano em Tomás de Aquino, do filósofo espanhol Juan Cruz Cruz, que em nossa edição terá mais de 300 páginas.

Como tira-gosto deste denso trabalho filosófico que virá à luz em breve, transcrevo a seguir um trecho de sua Introdução:

“(...) Se deixarmos de lado os efeitos “negativos” sobre o corpo que proverbialmente foram atribuídos ao êxtase (a imobilidade marmórea dos membros, a insensibilidade dos órgãos perceptivos, a comoção alegre ou temerosa do rosto alucinado, os eflúvios luminosos no rosto e nas mãos, o calor interior, a leveza ou levitação corporal e, em outros casos, o peso dos membros), fixando-nos nos efeitos que produz sobre a alma, que são os mais importantes no nosso caso, havemos de dizer que, segundo a tradição ocidental, o êxtase provoca um aguçamento da faculdade intelectual e da volitiva para penetrar numa realidade mais elevada. Aguça-se a inteligência para chegar, mediante uma simples visão e com evidência cabal, sem necessidade de fatigantes raciocínios, a uma realidade extramental inaudita — passada, presente ou futura — mas verdadeira, adquirindo inclusive idéias antes inexistentes na alma. Oferece-se a própria vontade à nova realidade, que se apresenta iluminada e sustida pela inteligência. (...) Dos efeitos espirituais do êxtase, o mais importante, segundo o Aquinate, é o concernente à vontade, que é transformada no bem que se lhe apresenta. Assim, o êxtase sobrenatural é explicado como um efeito da ação divina que alarga a inteligência e provoca o amor da vontade; de modo que faz parte da contemplação perfeita, ou seja, de um conhecimento essencialmente amoroso. (...) O amor é uma “saída” que o sujeito faz com sua vontade, guiada pela inteligência — núcleos da intimidade —, para o amado, vislumbrado este como bem perfeito, real”.

O obra de Cruz Cruz é densa e permeada de conceitos filosóficos dos mais abstratos, não apenas extraídos da obra do Aquinate, mas da de outros filósofos e também de sua própria lavra; nela acham-se trechos luminosos como este. A análise das causas e dos efeitos do amor na alma é fina, como não poderia deixar de ser em se tratando de alguém que se dedica há anos a estudar a obra deste grande gênio medieval.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Trecho de um prefácio: artigos do Contra Impugnantes serão reunidos em livro

Sidney Silveira

Filosofia de Combate

O tomismo e a dissolução das idéias

no mundo pós-moderno

TOMO I

Prefácio

Embate de idéias e labor filosófico

“Nem Deus pode dar nem o homem pode receber

nada mais excelso do que a verdade”.

Plutarco

A história da filosofia é a história de querelas. Os exemplos são incontáveis e remontam a tempos imemoriais: os filósofos da Natureza, na Grécia Antiga, divergiam acerca do princípio de todas as coisas, altercando entre si nem sempre com a parcimônia que se presume deva ser a reitora das discussões entre os homens de saber; posteriormente, torna-se antológico o embate de Sócrates e do seu discípulo Platão com os sofistas que começavam a ganhar terreno na então recém-criada democracia ateniense; citem-se também as abissais divergências entre duas correntes dos chamados “socráticos menores”, os cínicos e os cirenaicos, no tocante à busca da felicidade; Aristóteles, por sua vez, em diferentes obras põe abaixo uma série de conceitos dos seus predecessores, erigindo novos estatutos epistemológicos para o filosofar; Epicuro, no período helenístico, ateia fogo na luta de idéias com sua filosofia hedonista, que, não sem aporias insanáveis, via no prazer o fim último da vida humana; os estóicos contrapõem tal visão a uma proposta que colocava nos vícios o mal absoluto, chegando ao extremo de condenar toda e qualquer paixão como má em si.

Nas épocas seguintes, movimentos pendulares em torno de alguns temas levaram muitos pensadores importantes a posições contrapostas não raro belicosas, pois se tratava de visões de mundo tendentes a se digladiar — e por uma razão muito simples: levadas às últimas conseqüências, elas propunham modelos civilizacionais (ou mesmo anticivilizacionais) que não poderiam coexistir pacificamente. Com o advento do Cristianismo e sua cosmovisão alimentada pela mensagem evangélica, as disputas filosóficas acirram-se, pois entram em cena as verdades de ordem sobrenatural [1] a ser custiodiadas primeiramente por um conjunto de homens de língua grega — hoje conhecidos como Padres da Igreja — e depois pelo Magistério eclesiástico, cioso em combater as heresias que punham em risco a salvação das almas.

Da Patrística Grega à chamada Alta Idade Média, a filosofia conhece uma espécie de cume na resolução de alguns dos problemas capitais da condição humana, não sem que os amantes da sabedoria, na defesa das suas posições, deixassem de controverter com maior ou menor contundência na busca da verdade filosófica, ou, então, na tomada de posições teológicas que, de uma forma ou de outra, abarcavam um enorme conjunto de questões atinentes à vida política, à pedagogia, à noção de liberdade, de amor, de ciência, etc. Sulcada, pois, por divergências profundas entre homens de escol, a filosofia segue o seu caminho histórico em meio a uma espécie de monumental disputatio dialética, em que os argumentos de uns se contrapõem às objeções de outros, incessantemente.

Como afirma Santo Tomás de Aquino em uma de suas obras, ao se contemplar este cenário olhando amiúde para os principais esforços filosóficos do passado, vê-se que algo de grandioso se fez — à custa dos avanços e retrocessos que sempre servem de base para futuras conquistas. Ora, tal riqueza provém do fato de que a verdade, dada a inesgotabilidade da fonte de que emana (o Próprio Ser), é também ela inexaurível, razão pela qual o Aquinate afirma, no começo do seu Comentário ao Credo, que nenhum filósofo jamais conseguiu esgotar sequer a essência de uma mosca.[2] Isto nos leva a pensar que, por trás de toda verdade descoberta, sempre haverá uma salutar zona de mistério, de algo por saber. [3] Em suma, sendo o conhecimento a posse imaterial dos entes pela inteligência, cada forma inteligível de que o homem se apossa apontará inelutavelmente para novas regiões de inteligibilidade, numa incomensurável espiral de coisas cognoscíveis que reflete a infinitude do Ser divino, do qual os entes participam.[4]

Seria ocioso enumerar ad nauseam todos os combates travados ao longo de séculos sem fim, mas alguns são parte importantíssima da história das idéias filosóficas e merecem ser citados, como o de Agostinho contra os maniqueus, o de Porfírio, discípulo de Plotino, contra os cristãos, as lutas entre hereges e doutores da Igreja, como a que se travou entre Abelardo e São Bernardo de Claraval, [5] assim como as discussões teológicas entre dominicanos e franciscanos, no seio da Igreja, que gerou rusgas até mesmo entre santos: o próprio Tomás de Aquino dá a entender que São Boaventura é um dos “murmurantes” aludidos na densa obra De unitate intellectus, de cariz metafísico, escrita para combater os averroístas — então considerados, e com justíssima razão, como deturpadores da obra de Aristóteles em várias teses que, ultrapassando os umbrais da filosofia, acabavam por colocar em perigo a fé. Estava-se no ápice intelectual do século XIII, tempo de turbulência política e de esplêndida efervescência filosófica e agudeza espiritual.

Após o Renascimento, que, como dizia jocosamente G. K. Chesterton, foi a morte de muitas coisas boas, o embate filosófico ganha novos contornos, bem mais acirrados, entre as posições antagônicas em cena. Agora, de um lado está a Cristandade em lento declínio filosófico e teológico, desde a escolástica tardia — que havia preparado, com grande sofisticação, o giro antropocêntrico da modernidade, a partir de Duns Scot [6] e Guilherme de Ockham —, e de outro a nova visão de mundo de um humanismo que se quer autônomo em relação a Deus e, a fortiori, à religião. Neste cabo-de-guerra civilizacional, acaba por prevalecer o espírito moderno que, alguns séculos depois, engendrará o Estado laico e as democracias liberais paridas na Revolução Francesa. Na perspectiva católica, trata-se de um espírito de retrocesso e apostasia, de uma brutal reação da carne às duras exigências do espírito, como afirma o Pe. Álvaro Calderón, um dos maiores teólogos da atualidade, no livro A Candeia Debaixo do Alqueire. [7]

O fato é que, no largo período histórico que vai de Descartes até o final do século XX, com episódicos lampejos geniais a filosofia vai materializando-se em obras de pensadores que constroem as suas teses atacando tudo o que foi produzido até então. É verdadeiramente impressionante como o novo sestro de erigir destruindo passa a caracterizar o modo do filosofar humanista, refletido num pensar fragmentário e na divisão — muitas vezes problemática — entre os saberes. Não se trata mais de um simples combate entre posições contrapostas, como até então ocorrera, mas de uma tentativa de reconstrução total que implode sem dó nem piedade um tesouro filosófico acumulado ao longo de milênios, não obstante resgatando aqui e ali as teses que parecem dar força ao novo homem forjado pela modernidade, confiante na ciência e no progresso material e cada vez mais fechado à transcendência.

(o restante do prefácio poderá ser lido no livro, que deverá ser apresentado no final deste ano, pois antes há outras obras por editar. Serão artigos do Contra Impugnantes e outros inéditos, reunidos em uma obra que, a contar pelo que já se tem, deverá ultrapassar as 1.200 páginas)

[1] Em vários artigos da presente obra se fará menção ao conceito de “sobrenatural”, tão importante para a teologia de Tomás de Aquino.

[2] “(...) sed cognitio nostra est adeo debilis quod nullus philosophus potuit unquam perfecte investigare naturam unius muscae”. Santo Tomás de Aquino, Expositio in Symbolum Apostolorum, Proêmio.

[3] Nem mesmo na visão beatífica da essência divina, de acordo com Tomás de Aquino, os bem-aventurados lograrão o conhecimento completo, exaustivo, do ser. Isto porque a respeito de Deus, que é o Próprio Ser, nenhum homem pode chegar a conhecer tudo; somente um intelecto infinito em ato poderia conhecer totalmente o Ato Puro infinito do Ser divino — daí concluir-se que só mesmo Deus pode conhecer-Se com perfeição; só Ele pode saber absolutamente tudo, ao passo que o intelecto humano é mera potência para os inteligíveis.

[4] O conceito de participação tem origem platônica e foi aperfeiçoado por Santo Tomás de Aquino, que fez uma original síntese dele com a metafísica aristotélica do ato e da potência. À rica noção de participação recorremos em diferentes artigos que se seguirão.

[5] No calor desta famosa disputa, Bernardo de Claraval escreveu As Heresias de Pedro Abelardo (Hæresum Petri Abælardi), obra em que enumera, uma a uma, as teses de Abelardo contrárias a um grande conjunto de verdades de fé, usando para isto de seu poderoso poder de persuasão, fundado em uma límpida lógica argumentativa e na retórica demolidora de sua pena.

[6] A influência de Duns Scot sobre a filosofia moderna e contemporânea, por exemplo, é imensa — embora pouco conhecida. No artigo da presente coletânea intitulado Duns Scot, o ancestral da modernidade, são elencadas algumas teses deste metafísico do século XIV que, direta ou indiretamente, forjaram muitas filosofias dos séculos que se lhe seguiram.

[7] Obra editada no Brasil pelo Instituto Angelicum, em parceria com o Mosteiro da Santa Cruz, de Friburgo (RJ) e a editora Sétimo Selo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Novidades “Contra Impugnantes”: livros e DVDs à vista





Sidney Silveira
Por estes dias não tenho conseguido responder a emails nem postar novos textos. Entre outras coisas, estou envolvido com a editoração do próximo livro da Sétimo Selo, já em processo de finalização do arquivo:

O Êxtase da Intimidade – a Ontologia do Amor em Tomás de Aquino, do filósofo espanhol Juan Cruz Cruz.

Em breve, os nossos leitores terão notícias do lançamento desta obra.

Outra coisa que me tem tomado tempo é a tardia finalização da apresentação ao Protreptico, de Clemente de Alexandria, que editaremos em uma tradução da professora de grego Rita Codá — obra que a Sétimo Selo lançará em seguida a'O Êxtase da Intimidade; por fim, rouba-me também um tempo a preparação dos dois próximos DVDs da série A Síntese Tomista.

Peço, pois, aos que me têm escrito um pouco de paciência — e incluo entre estes algumas pessoas que, na última semana, fizeram o pedido dos primeiros DVDs da referida série. Em no máximo dois dias começarei a responder às mensagens.

Enquanto isso, posto aqui no blog umas fotos (acima) que pensei estarem perdidas — mas graças a Deus hoje as encontrei numa pasta de arquivos de um notebook: trata-se do lançamento, em 2009, do curso que eu e o Nougué ministramos no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB, no Rio, cujos trechos de aulas estão em vários links no Youtube.

Saudações a todos.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Imagens do triunfo da razão "sub lumine fidei"




Sidney Silveira
Meu irmão acaba de voltar de Paris e me regala com a foto acima do quadro O Triunfo de Santo Tomás, de Benozzo Gozzoli, que está no Louvre. Olhar o quadro assim na parede, com a moldura, emocionou-me, pois estou acostumado apenas a vê-lo na internet. Esse painel ficava na parte traseira da poltrona do Bispo de Pisa — na catedral daquela cidade italiana —, antes de parar no Louvre. Apenas não confundamos, por causa do título, essa imagem com o afresco renascentista intitulado O Triunfo de Santo Tomás sobre os heréticos, de Filippino Lippi (filho de Filippo Lippi, outro grande nome da época), a segunda das pinturas acima. Este último encontra-se na Igreja de Santa Maria sopra Minerva, único templo gótico de Roma, pertencente aos dominicanos. As duas iconografias já ilustraram outros textos do Contra Impugnantes. Há ainda outro afresco intitulado O Triunfo de Santo Tomás, na basílica dominicana de Santa Maria Novella, em Florença (a primeira das três obras acima), na chamada capela espanhola, inserido num contexto de imagens que mostram a Igreja militante e a Igreja triunfante.
Em tempo: No afresco de Lippi, diferentemente do que eu havia afirmado de forma errônea noutra ocasião, as quatro figuras femininas ao lado do Aquinate não são as virtudes cardeais, mas representam a filosofia, a astronomia, a teologia e a gramática.