quinta-feira, 30 de julho de 2015

Santo Tomás x Freud - O Aquinate explica!



PREMISSA ANTROPOLÓGICA:

"Doer é próprio da alma quando não está na posse efetiva do bem".
(Sidney Silveira)

INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O CURSO "Psicología de la Templanza", comigo e com o filósofo e psicólogo tomista Martín Echavarría, em:

domingo, 26 de julho de 2015

O daltonismo moral dos brasileiros


Ao amigo Vítor Pereira

Sidney Silveira

Passei recentemente por situações pessoais, profissionais e familiares que reiteraram em minh’alma a certeza absoluta de que o brasileiro médio — refiro-me a pessoas de presumível boa formação — desconhece por completo a natureza do ato moral. E mais, ele tem flagrante incapacidade de aplicar a casos particulares normas gerais preceptivas, o que denota gravíssima mutilação da inteligência e da vontade e explica, em boa parte, a tragédia política nacional. Deste miserável desconhecimento dos mais rudimentares princípios reitores da ação humana provém o fato de as pessoas ainda não contaminadas por tão dantesca pandemia se encontrarem — incansáveis vezes — na contingência de explicar o óbvio. Sim, o Brasil exaure psicologicamente os bons.

Alguém diz que “x” é permitido, e a pessoa a quem tal proposição é formulada transforma “x” em realidade absoluta, sem considerar as circunstâncias que podem transformar “x” em “y” ou em “z”. Recorro à caricatura porque ela é bastante eficaz para explicitar fatos desta natureza: é permitido jogar futebol, mas deveria ser evidente que não o é dentro do centro cirúrgico onde um paciente cardíaco está sendo operado. É proibido usar esta escada, mas deveria ser evidente que não o é se, num prédio em chamas, ela se torna a única saída possível. Em suma, alguém diz a uma pessoa que “y” não deve ser feito, e ela não concebe que “y” pode transmudar-se em “a” ou “b”, dada a natureza volátil das situações humanas. Ora, que a busca do próprio bem seja a tendência universal do ser humano não implica que o bem possa ser logrado de qualquer maneira.

A total ausência no corpo social da virtude da epiquéia,[1] que Santo Tomás considerava como parte subjetiva da justiça, vai tornando as pessoas incapazes de interpretar circunstâncias não explicitadas numa norma geral. Esta perda coletiva do bom senso já fez com que, no Brasil, as últimas gerações deixassem de saber que qualquer norma geral é vetor da ação, mas não um princípio categórico intocável. Se entre nós, contemporaneamente, as leis na prática deseducam e induzem vários tipos de conflito social, isto é porque já havíamos transposto o umbral da falta de ética que tornou possível esta realidade dramática.

No país em que, no metrô, apenas os assentos de cor laranja são preferencialmente destinados a idosos, gestantes, deficientes e pessoas com crianças de colo, não se pode esperar outra coisa senão que as pessoas, cedo ou tarde, passem da indiferença ao ódio. Noutra época, sem nunca ter havido legislação em tal matéria, as pessoas sabiam que, nos transportes coletivos, todos os assentos eram preferencialmente destinados a idosos, gestantes, etc. E aqui entramos noutra prova material da desgraça brasileira: a multiplicação “ad infinitum” de leis, regras e normas é o retrato cabal de como a nossa sociedade está doente, ou melhor, de como padece de câncer em estado terminal. Já Aristóteles e Platão sabiam muitíssimo bem que, num país, o número de leis não deve ser excessivo, pois isto gera o caos. 

Se Moisés fosse brasileiro, ao descer do Monte Sinai teria revogado as 10 leis que Deus lhe entregara e colocado no lugar delas outras 666.

A perda de percepção dos matizes relativos ao bem e ao mal nos atos humanos inviabiliza as relações entre as pessoas, e acaba acarretando um efeito funesto: o padrão médio do caráter dos indivíduos vai, aos poucos, tendendo à velhacaria, a vícios travestidos de correção. Entre nós, não é por obra do acaso que sempre se encontram brechas para justificar o moralmente injustificável — arte na qual o brasileiro tornou-se grão-mestre. Inseguras e moralmente cegas, as pessoas precisam apoiar-se num número de casos materialmente impossíveis de ser abarcados pelos preceitos comuns. Mas o fazem com notável descaro, sempre que a necessidade de detalhamento da parte do próximo, ou do Estado, se apresenta como algo conveniente para justificar a má ação levada a cabo.

Isto é daltonismo moral, incapacidade de perceber matizes, sutilezas nas ações ou circunstâncias humanas. É o que está prestes a fazer de nós a sociedade na qual o devaneio de Thomas Hobbes se transformou em princípio universalíssimo: “bellum omnium contra omnes”.

A guerra de todos contra todos, camuflada por hediondas máscaras de boas intenções.

P.S. O Brasil atual precisa de inteligência, com certeza, mas precisa ainda mais de bondade, de virtude e de senso ético — ou, noutras palavras, precisa de que as pessoas purifiquem a sua vontade dos vícios. Por isso, um curso como “Psicología de la Templanza” — no qual tenho a honra de coadjuvar o grande psicólogo e filósofo tomista Martín Echavarría (a propósito, as inscrições para esta iniciativa pedagógica continuam abertas em: http://contraimpugnantes.com/cimoodle/course/index.php?#9) — é um inestimável bem. Pena que a maioria das pessoas, chafurdadas num ódio fantasiado de "cultura", não está em condições de dar testemunho desse bem.

P.S.2 A educação para a virtude é a única possibilidade de salvar o Brasil, a longo prazo. 

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1- Trata-se da virtude da eqüidade, que, valendo-se da prudência, preenche interpretativamente as lacunas duma lei ou duma norma de caráter moral, a partir do bom senso — já que as circunstâncias humanas podem multiplicar-se ao infinito.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Psicologia tomista para quem precisa...


Sidney Silveira

É COM ESTE AUTOR — o filósofo e psicólogo Martín Echavarría — que tenho a honra de partilhar o curso "Psicología de la Templanza".

FREUD
(...) Um defeito muito importante é a quase absoluta ausência, na teoria freudiana, da mente ("mens"), ou seja, dos aspectos racionais que tão evidentemente têm parte na vida psíquica humana, como a capacidade de pensar conceitos universais, de emitir enunciados e raciocinar. Não que Freud diga que entre este nível intelectivo e o sensitivo haja apenas diferença de grau, como no empirismo; o fato é que ele não dá absolutamente nenhuma explicação de sua existência, nem a tem em conta em sua explicação global da vida humana, exceção feita ao obscuro conceito de "representação de palavra".
("Corrientes de Psicología Contemporánea")


O VÍDEO DE APRESENTAÇÃO DO CURSO está aqui:

AS INSCRIÇÕES podem ser feitas no seguinte link (é possível parcelar o pagamento EM ATÉ 12 VEZES no cartão de crédito):

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Boletim Contra Impugnantes



Sidney Silveira
Se você quiser receber os nossos informes, vá ao endereço eletrônico http://contraimpugnantes.com/cimoodle/ e, abaixo de onde está escrito "Junte-se a nós no Facebook", insira o seu e-mail na área em que se lê "Assine o Boletim do C.I."

Assim, passará a receber informações periódicas sobre cursos, livros, parcerias, hangouts, etc.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Dos delitos contra a amizade: a ingratidão


Sidney Silveira

A ingratidão é o atestado de óbito da amizade por lesão gravíssima, seja qual for o grau de intencionalidade com que é levada a cabo: da fraqueza moral chamada comumente de “covardia” à cegueira da mente pura e simples — por cujo intermédio os benefícios recebidos vão esmaecendo, vão desaparecendo de maneira culpável da consciência do ingrato. Para este, o esquecimento mais ou menos voluntário dos bens com os quais foi aquinhoado serve de ferramenta para as mais sofisticadas autojustificativas, maligna indulgência relativa ao seu imoral proceder. Trata-se de muletas psíquicas pelas quais uma pessoa tenta desculpar-se a si própria e acaba por inculpar a quem lhe fez o bem. Como se pode adivinhar, o fim da carreira do ingrato é se transformar num mau-caráter de estrita observância.

À luz do que se disse acima, é importante prestar atenção a um detalhe: não é que o ingrato deixe de enxergar os benefícios auferidos nalgum momento de sua relação com um amigo, mas tende a minimizá-los acalentando a imagem de que ou não eram tão excelentes, ou de alguma maneira já estavam devidamente retribuídos. Esta radical incapacidade de ajuizar objetivamente os bens permutados numa amizade faz da ingratidão um pecado contra a ordem da justiça, ars boni et aequi. Na prática, o ingrato tende a desespiritualizar a amizade e sucumbe a diferentes tipos de materialismo, em geral camuflados. A propósito, não nos custa lembrar que Judas Iscariotes, o ingrato-mor, era administrador da bolsa comum dos apóstolos.

O ingrato não emerge do nada, nem surge por partenogênese. No Brasil contemporâneo — no qual a ingratidão é multitudinária —, não me parece ocioso lembrar que ninguém dorme São João e acorda Stalin: o ingrato começa a se desencaminhar a partir de mecanismos sutis que, aos poucos, o levam a perder o senso de proporções, a enfraquecer a capacidade de aquilatar a hierarquia de bens e males que há na realidade. O nutriente básico desta sua atitude desagradecida é um secreto complexo de inferioridade moral, permeado da conseqüente sensação errônea de ser injustiçado porque imagina dar mais do que recebe. Como se vê, o ingrato é péssimo psicólogo e instintivamente propenso a se aproximar dos medíocres. Propenso a tornar-se medíocre. Um escolástico diria que o pecado capital da acídia o fez recusar a excelência.

Outra nota distintiva do caráter do ingrato é a eriçada susceptibilidade, capaz de fazê-lo, por exemplo, jogar fora uma amizade por circunstâncias provenientes das mazelas humanas. Em síntese, ele é implacável nas miudezas e relapso nas coisas mais importantes; não por outro motivo, uma palavra dita em qualquer contexto um pouco mais tenso pode fazer esta criatura gelatinosa sentir-se mortalmente atingida, razão pela qual quem lida com gente assim não pode esquecer as luvas de pelica para o trato habitual. Ora, em vista desta invencível prontidão para se ofender, compreende-se porque o ingrato é, o mais das vezes, vingativo. Ou melhor, é o vingador das ofensas imaginárias ou superdimensionadas que o desequilibram, e este seu obscuro universo onírico é o samsara do qual não consegue livrar-se. Não exageraria quem dissesse o seguinte: o ingrato tem morte psíquica ao apaixonar-se pela própria dor.

Vale ainda dizer que o arrependimento não é algo normalmente observável nas pessoas ingratas. Por quê? Bem, a explicação é simples: arrepender-se, e por conseguinte pedir perdão, implicaria extirpar os mecanismos de autovitimização com os quais o ingrato alimenta a sua alma. Seria, literalmente, curar-se. Ocorre que o vetor moral do ingrato é no sentido do remorso, realidade psíquica distinta — em gênero — do arrependimento. Em breves palavras, digamos que ao remordido de consciência falta a coragem de ir às causas do seu dramático estado; ele se condói porque os efeitos de alguma maneira o atingem. Por sua vez, o arrependido abre os olhos para as causas e busca removê-las, suportando com grande dificuldade a dor de contemplá-las. A dor de um mata; a dor de outro cura.

É atribuída a Alexandre Dumas a seguinte frase: “Grandes favores só podem ser pagos com a ingratidão”. Ela reflete, de maneira perfeita, o complexo de inferioridade moral que carcome a alma do ingrato, ao qual se fez alusão acima.

Não recorramos a circunlóquios e encerremos este breve texto sem dar margem a dúvidas de nenhum tipo: o ingrato é, sim, covarde, e a sua covardia é uma picada de escorpião.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Curso "Psicología de la Templanza"



Sidney Silveira

Enfim, o vídeo de apresentação desta iniciativa, com o Prof. Martín Frederico Echavarría e comigo.

AS INSCRIÇÕES ESTÃO ABERTAS EM: 


Quem quiser PODE PARCELAR NO CARTÃO DE CRÉDITO EM ATÉ 12 VEZES.

O público brasileiro poderá ter contato com um tomista de nível internacional.

P.S. Quem puder compartilhar esta informação saiba de uma coisa: NÃO É UM FAVOR FEITO A MIM, mas aos brasileiros que, hoje talvez mais do que nunca, precisam ser educados para a virtude — a começar pelas virtudes cardeais. O Prof. Martín é talvez o único filósofo no mundo que aplica a obra de Santo Tomás à clínica psicológica com grande consistência teorética.

Por aí se pode perceber a assombrosa atualidade deste gigante que foi o Aquinate.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

O pão-duro e a avareza das idéias


Sidney Silveira

Estudar não é adquirir conhecimento por osmose ou telepatia. Leva tempo e custa dinheiro. Dá trabalho e exige disciplina. Requer paciência e supõe clareza com relação aos objetivos visados.

Quem é sovina quando se trata de gastos com a sua própria formação, jamais será um genuíno intelectual. Quem não dedica tempo à leitura e à reflexão acerca do que leu, nunca será capaz de emergir do pântano das opiniões superficiais. Quem não se vale de nenhum método para estudar, acumulará informações de maneira desordenada e será, nos melhores casos, um palpiteiro culto, que acerta em detalhes tópicos, mas não logra ter uma visão de conjunto em nenhuma das matérias estudadas. Quem não recorre ao auxílio de homens doutos e prudentes, cedo ou tarde se perderá nalgum labirinto sem saída. 

O sujeito que acha caro investir num livro de autor importante, ou num curso que pode contribuir decisivamente para a sua formação, porém não hesita em gastar iguais quantias em jantares, noitadas e entretenimentos em geral, não tem vocação para o conhecimento. Este exige uma capacidade de renunciar ao fútil em prol do útil; valer-se do útil em ordem ao excelente; fruir o excelente para adquirir o hábito contemplativo que distingue o homem de saber.

O pão-duro tem propensão à estupidez, ainda que esta se revista de algum verniz, adquirido em leituras feitas a esmo; ainda que possua o brilho enganoso das bijuterias. 

Não há melhor serventia para o dinheiro do que comprar o que não se perde duma hora para outra: os tesouros da inteligência.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Curso "Meu nome é Machado de Assis"



Sidney Silveira

EIS AQUI A VINHETA do curso — a ser ministrado por mim e pelo Prof. Sergio Pachá — que os alunos verão antes de cada aula.

Os interessados podem ver a ementa (e se inscrever) no link abaixo:


Obrigado.

P.S. Para verem este vídeo numa resolução melhor, os visitantes desta página podem alterar, no canto inferior direito, a configuração para 720p.

sábado, 4 de julho de 2015

O invencível exército dos levianos


Sidney Silveira

Só pode ser alegre quem sabe ser triste. Quem consegue viver os momentos de pesar, inescapáveis neste mundo repleto de dores e perdas, sem fingimentos de nenhuma espécie, sem entorpecer a consciência perante as questões morais decisivas. Em síntese, a genuína alegria é atributo de quem costuma avaliar com critérios objetivos o próprio agir. Nos antípodas desta situação equilibrada estão as pessoas que carregam no coração uma falsa leveza, a qual tem nome próprio e efeitos funestos: leviandade.

O leviano é alguém que inoculou na alma o hábito da dissipação mental. Geralmente ri muito e por motivos tolos, fala demasiado, é assertivo com relação a futilidades e crê em formulazinhas que o induzem a buscar a felicidade perfeita nesta vida. Para tanto, necessita deformar o conceito de felicidade e colocar no lugar dele placebos de auto-ajuda, de fácil apelo para o seu caráter camaleônico. Como salienta o filósofo Dietrich von Hildebrand num livro sobre as virtudes éticas fundamentais, o leviano contenta-se com decisões baseadas numa impressão fortuita, para não dizer irresponsável, do bem e do mal, do belo e do feio, daí o fato de poder ser ocasionalmente amável, generoso e solícito, mas sempre sem verdadeira nobreza.

A falta de silêncio interior faz do leviano uma pessoa sem princípios sólidos, os quais dependem de valores perenes fundamentados na realidade. Ocorre que uma torrente de sensações voluptuosas — em permanente confronto umas com as outras — acossa o espírito das criaturas caídas neste deplorável estado, transformando-as em joguete das debilidades que vão tomando conta do núcleo do seu ser, de maneira paulatina e progressiva. Este perpétuo sacolejar interior mata a possibilidade de firmeza de caráter e debilita a potência volitiva, razão pela qual o querer do leviano é inconstante. Uma mesma coisa pode parecer-lhe ora boa, ora má, sem justificativas plausíveis para a mudança de avaliação, tudo dependendo de humores circunstanciais.

Não é muito difícil perceber que o leviano é alguém vocacionado à deslealdade, mesmo sem o saber. Trata-se duma espécie de profissional da opinião irrefletida — típica de indivíduos cujas escolhas decisivas oscilam conforme momentâneas conveniências. Não que o leviano seja incapaz de amizade, mas na prática é inapto para perceber o que realmente nobilita uma relação entre amigos. Ele vive na superfície das próprias satisfações ou insatisfações cotidianas, e, na embriaguez das selvagens emoções às quais sucumbe, não mantém laços firmes com as demais pessoas. O leviano é, pois, o visceral amigo do próprio umbigo, e este seu resiliente egoísmo não provém do acaso, mas da incapacidade de renúncia, nota distintiva do amor. Ora, só renuncia quem possui, e o leviano jamais entra na posse efetiva dos bens imateriais: a beleza, a verdade, a unidade e a bondade são idéias voláteis, etéreas, na cabeça de quem vai sobrevivendo nesta falsa leveza de espírito.

Nas palavras de Hildebrand, no turbilhão de sua existência o homem leviano não consegue estabilidade nem mesmo nas coisas que leva a sério. É como uma peneira humana que deixa vazar o essencial, o sumo, o mais importante. Não sendo, pois, fiel às próprias impressões, porque estas mudam duma hora para outra, ao leviano está vedada a fidelidade às outras pessoas — não propriamente por malícia, e sim por inépcia. A sua desgovernada intensidade afetiva é uma erupção vulcânica que destrói a hierarquia dos valores e o faz perder a crença em si mesmo, embora camufle esta insegurança existencial com a assertividade frívola acima mencionada.

O leviano comete suicídio psíquico sem ter a mais ínfima noção do próprio estado. A sua ânsia de gozar o momento presente, maligno carpe diem do qual não consegue desagrilhoar-se, é signo perceptível da incapacidade de ir às camadas mais profundas da ação moral. Aqui, não sejamos eufemísticos: o leviano não ama; ele se entretém. Portanto, a cultura do entretenimento — imperante no mundo globalizado onde tudo tende a uma forçosa homogeneização a partir do que é baixo, vulgar, grotesco — é o habitat natural em que a sua irreflexão deita raízes. O coração leviano nunca será de ninguém, como diz uma canção popular.

Quando os chamados “bens culturais”, expressão equívoca a não mais poder, induzem à leviandade em larga escala, acontece o que vemos hoje: cresce o número de gente incapaz de manter relações profundas, sinceras, amigas. A alegria tem uma morte social, mas não para dar lugar à tristeza, como seria de se esperar, e sim a dissipações de todos os tipos. Em tal configuração, é loucura dar sem exigir de imediato algo em troca; a propósito, uma sociedade de levianos é hospício a céu aberto onde zumbis se arrastam pela vida apáticos diante do bem e do mal.

Esta cínica alegria dos levianos faz com que o seu contato com o mundo exterior seja representativo duma comunicabilidade ilusória, na qual a troca de bens reais, objetivos, simplesmente não existe. Se tal patologia, por desgraça, começa a ganhar terreno, a anestesia coletiva apodera-se do conjunto da sociedade de maneira insidiosa e faz destas almas ocas um exército imbatível, composto de rostos sem feições identificáveis.

Qualquer analogia da realidade descrita nos parágrafos acima com o Brasil contemporâneo não será leviandade.

Santo Antônio, rogai por nós!


“A linguagem é penetrante quando é o nosso agir que fala”. 
SANTO ANTÔNIO DE LISBOA

quinta-feira, 2 de julho de 2015

O site Contra Impugnantes: novo espaço

Sidney Silveira

Quem puder visite o site Contra Impugnantes e veja o que há por lá. Este está, doravante, o espaço da internet no qual o meu trabalho será levado adiante, se for da vontade de Deus:


Depois escreverei sobre as novidades que ali estão.

Sobre a minha saída do Angelicum



Sidney Silveira

Quase um mês se passou sem eu responder às mensagens nas quais algumas pessoas me cobravam — às vezes com veemência — por eu não haver dado nenhuma satisfação quanto à minha saída do Instituto Angelicum, até o momento.

Ei-la, finalmente.

Algumas observações:

1. Mesmo entre pessoas que, circunstancialmente, têm projetos em comum, às vezes mal-entendidos geram situações que interrompem trajetórias conjuntas. E, conforme se diz a certa altura do vídeo desta postagem, prefiro creditar esta desinteligência que gerou a minha saída do Angelicum a mal-entendidos.

A vida segue.

2. Perdoem se houver algum errinho ou imprecisão na fala deste vídeo; ela foi espontânea e conter a emoção não foi muito fácil.

3. Como se pode ver, o vídeo está editado em algumas partes, pois ao vê-lo após a gravação constatei que era muito longo e não é meu intuito enfadar ninguém com delongas.

Obrigado aos alunos do Angelicum que, ao longo do último mês, me escreveram ou entraram em contato comigo, por diferentes meios, para saber o que houve e se eu estava bem.

Não esquecerei esta delicadeza.
Sidney