quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O novo encontro de Assis e um texto do "Fratres in Unum"

Sidney Silveira

Muitas vezes, a caricatura é um santo remédio para dar um choque nas pessoas e levá-las à percepção de alguns aspectos da realidade. Não por outra razão indico a leitura deste texto do Frates in Unum, que faz alusão ao inacreditável, tremendo, medonho, nefasto, abjeto, anticatólico (e todos os adjetivos que a estes se possam acrescentar) encontro de Assis II, a realizar-se em outubro deste ano, um tristíssimo ato da Igreja mainstream de prosternar-se no altar do mundo, dialogando, dialogando, dialogando, em vez de ensinar a fé e chamar todos à conversão — como Cristo ordenou.

O ecumenismo, na forma como é proposto atualmente, é um dos maiores crimes contra a fé em toda a história eclesiástica, e dá-me nojo, asco, repulsa, etc., ver como alguns católicos leigos ligados a movimentos neoconservadores no Brasil fazem de tudo para difundi-lo — com o nome eufemístico oficial de "diálogo inter-religioso". Outros apenas covardemente se calam, embora não concordem com os absurdos a que hoje assistimos. Para vocês terem uma idéia, de acordo com Santo Tomás de Aquino (Doutor Comum da Igreja), o Islã, apenas para dar um exemplo, sequer pode ser dito, em sentido próprio, uma "religião", e as razões por ele apresentadas na Suma Contra os Gentios para justificar esta posição estão em uma extensa nota da apresentação ao livro Raimundo Lúlio e As Cruzadas, edição trilíngüe (catalão, latim, português) que pode ser adquirida aqui. Não me alongo sobre isto porque não me cabe; aliás, eu, que me considero um pecador tão indigno da fé que professo, apenas peço a Deus para ver o dia em que serão desmascarados tanto extra como intra Ecclesiam estes católicos promotores de doutrinas anticatólicas, sejam leigos ou autoridades eclesiásticas, os quais já haviam sido denunciados por Pio X na Pascendi. E este dia há de chegar porque é promessa de Cristo que as portas do inferno não prevalecerão.

A propósito, o ano começou pessimamente, com o anúncio de "Assis II" e da beatificação literalmente the flash de João Paulo II, o Papa que — na prática e na teoria, com os seus atos e o seu magistério — levou o ecumenismo à posição que hoje goza. O que de alguma maneira me "conforta" e ao mesmo tempo dá uma grande liberdade de ação e pensamento é não ter esperanças humanas de melhora; só mesmo um milagre verdadeiramente extraordinário poderia alterar a atual situação da Igreja e, por conseguinte, do mundo. Há, eu sei, aqueles irmãos católicos que acreditavam em uma mudança de rumos no atual papado, uma reviravolta doutrinal e política na direção da Tradição, mas preciso dizer que nunca fui de tal parecer, coisa que inclusive disse ao Prof. Fedeli quando, no começo de 2010, poucos meses antes de falecer, ele veio à minha casa — ocasião em que passamos uma noite agradabilíssima falando de nossas divergências tópicas e nossas convergências utópicas e fizemos uma prece diante de uma bela imagem de Nossa Senhora que tenho em minha sala, antes de nos recolhermos... Rezo e torço para a tal da mudança de rumos, é claro, mas até onde a vista humana alcança esta não parece ser a vontade de Deus para o nosso tempo. A tendência clara é de agravamento da situação, com o aumento dos escândalos (como aliás temos observado nos últimos anos), tanto litúrgicos como pastorais, doutrinais e, por fim, morais/sexuais. Que Deus nos acuda.