sexta-feira, 18 de junho de 2010

Autoridade doutrinal do Doutor Comum (IV)

Sidney Silveira
Passado o Concílio de Trento, Santo Tomás continua tendo o beneplácito dos Papas. Clemente VIII (1592- 1605), que fora aluno de São Filipe Néri, declara o Aquinate Patrono da Cidade de Nápoles, onde nascera. De acordo com o Papa, o Aquinate mereceu a honra extraordinária de ter a doutrina aprovada pelo próprio Cristo, que lhe disse:

Paulo V (1605-1621) chama a Santo Tomás de debelador de hereges; Alexandre VII (1655-1667), por sua vez, exorta a Universidade de Louvain a seguir sempre, “com toda a fidelidade, a doutrina límpida e seguríssima do Aquinate, cuja autoridade é tão grande a ponto de ser conhecida por todos na Igreja”. Bento XIII (1724-1730) salienta que “é tanta a força e a verdade da doutrina tomista que não somente venceu as inumeráveis heresias que apareceram até o seu tempo, como teve a virtude de confundir e dissipar todas as que vieram depois”. Ressalta esse Papa que não há palavras para expressar adequadamente o valor da obra de Santo Tomás pro magnis suis in Ecclesiam meritis.

Outro Papa, Bento XIV (1740-1758), ao aprovar os estatutos do Colégio Teológico de São Dionísio, em Granada, impõe a obrigação de não se ensinar outra doutrina senão a de Santo Tomás de Aquino... sob pena de excomunhão reservada à Santa Sé! E, em sua Alocução ao Capítulo Geral da Ordem, em 1756, chama ao Aquinate Príncipe dos Teólogos, Anjo da Escola, Doutor da Igreja Universal e honra preclaríssima da Ordem dos Pregadores. Chega esse Papa a confessar publicamente que tudo quanto se acha de bom em seus escritos teológicos foi pinçado da obra do Aquinate.

Pio VI (1775-1799), Papa durante a Revolução Francesa, recomendou aos padres que não permitissem nem tolerassem de maneira alguma ut divinum Thomæ eloquium quase novella doctrina discutiatur et otiosa disputatione impugnetur. Isto porque, inter mulplices scholas, Thomas Aquinas sol doctrinæ et theologorum Antesignanus iure fuit appelatus (...). Reconhecimento do mesmo nível será feito também por Leão XII (1823-1829), que o declarou, em agosto de 1825, Patrono dos Estudos nos Estados Pontifícios.

No próximo texto da série, falaremos dos Papas por cujo influxo a obra do Aquinate teve um reconhecimento decisivo, em vista dos novos problemas fomentados pelas funestíssimas doutrinas que Gregório XVI (1831-1846) já denunciava, e que com o crescimento do liberalismo no mundo se transformaram em veneno para a fé: Pio IX (1846-1878) e, principalmente, Leão XIII (1878-1903).