"A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar".
(Sun Tzu)
Sidney Silveira
QUE O CENÁRIO POLÍTICO INTERNACIONAL hoje apresenta forças antagônicas a digladiar-se entre si pelo poder global, é fato que grandes estudiosos do mundo inteiro corroboram com farta documentação. Primavera árabe, bloco socialista crescente na América Latina, atlantismo, eurasianismo, sionismo, etc., cada qual com o seu suporte político-militar-financeiro, são movimentos geopolíticos alicerçados por doutrinas díspares quanto aos princípios, porém coincidentes num ponto fulcral: ganhar o poder em bloco.
Filósofos, sociólogos e cientistas políticos podem especializar-se na compreensão de cada um desses movimentos internacionais, assim como no entendimento das premissas que regem a luta intestina entre eles, mas se não colocarem no tabuleiro desse xadrez diabólico a participação da alta hierarquia da Igreja Católica ao longo de cinco décadas — seja por omissão grandemente culpável, seja por documentos magisteriais que contribuem para a preparação do reinado mundial do Anticristo, contrariando dois milênios de seus próprios ensinamentos —, a análise será parcial, ou seja, incompleta no que diz respeito a uma das peças mais importantes em jogo.
Não por outro motivo, diz enfaticamente Santo Tomás em seu "Comentário a Tessalonicenses" que a Igreja receberá o Anticristo de braços abertos. Acrescentemos nós, nesta mesma linha: o crescimento da maldade no mundo, até a conflagração final, tem por pressuposto que a lei evangélica deixe de pairar sobre as consciências, de educar as nações. Não pode haver sequer sombra dela.
A estratégia é velha como o demônio: neutralize o inimigo antes de tomar de assalto o poder. Confunda intelectualmente as melhores cabeças e depois apresente bens aparentes (no caso, políticos, como a falsa noção liberal de "liberdade") até escravizar totalmente as vontades. Assim, a resistência se atomizará e perderá força — e aos sobreviventes morais desta verdadeira hecatombe espiritual e política restará ou o martírio ou o silêncio.
É a hora da fé, é a hora da verdade. Os bons que restarem serão provados como ouro no fogo, entregando-se confiantemente à Providência Divina. Eles não acreditarão em nenhum profeta do Apocalipse que apresente fórmulas de resolução mágicas totalmente desconectadas da doutrina sapiencial que preconiza a subordinação das coisas temporais às espirituais.
Da mesma maneira como o corpo subordina-se às potências superiores da alma.