sexta-feira, 7 de março de 2014

Os grupos secretos que agiram na Igreja antes do Vaticano II


Sidney Silveira

PARA AQUILATAR o caráter insidioso do modernismo condenado por São Pio X na Encíclica Pascendi, cujas premissas teológicas e filosóficas foram literalmente consagradas no Concílio Vaticano II, convém ler o documento posterior a ela intitulado Sacrorum Antistitum, de 1º de setembro de 1910, no qual se lêem as seguintes palavras do grande Papa Giuseppe Sarto: 

"Com efeito, estas pessoas não cessaram de buscar e reunir em associação SECRETA novos adeptos, e de inocular com eles, nas veias da sociedade cristã, o veneno das suas opiniões".

A organização notável desses grupos denunciados pela autoridade máxima da Igreja, como diz o teólogo e historiador italiano Ernesto Buonaiuti no livro Il modernismo cattolico, teve por objetivo programático transformar a Igreja num protestantismo gradual. Para tanto, era necessária a melhor camuflagem possível e uma triste capacidade de agir duplamente: minimizar a posição diante das autoridades, porém exacerbá-la nos encontros secretos (ou discretos).

A coisa foi urdida de maneira planificada até os mínimos detalhes. Roberto de Matteitraz à luz, em seu fundamental livro "O Concílio Vaticano II - Uma História Nunca Escrita", uma confissão do ex-beneditino francês Albert Houtin, que revela sem o menor constrangimento o seguinte: o objetivo do modernismo previa que os inovadores não saíssem da Igreja mesmo se perdessem a fé, a fim de disseminar as suas idéias no decorrer das décadas seguintes à época da Pascendi.

E conseguiram. Mas sabemos que não venceram a guerra.

P.S. Na imagem que ilustra esta postagem, entre outros encontram-se sentados Henri De Lubac, Urs von Balthazar, Yves Congar, Jean Daniélou, Maurice Blondel, Alfred Loisy e Teilhard de Chardin...