quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Muita irreverência, nenhuma piedade


Sidney Silveira

Quando a irreverência transforma-se em hábito é sinal de que a devoção a Deus e a piedade são impossíveis para uma pessoa.

Leia-se com atenção o Capítulo XX da Regra de São Bento, intitulado "De reverentia orationis", para que se entenda o seguinte: OS IRREVERENTES SÃO DEVOTOS DO PRÓPRIO UMBIGO, no melhor dos casos, porque lhes falta o abandono de si e a circunspecção, duas características das almas contemplativas, únicas capazes de real devoção.

Muita galhofa para com os homens descamba num coração impuro para relacionar-se com Deus da maneira devida, a saber, reverente e devotamente.

"Humilitas", "reverentia" e "puritatis devotio", que segundo São Bento perfazem a atitude interior da verdadeira oração, são realidades muito distantes dos escarnecedores.

Se estivesse nos desígnios de Deus recivilizar o mundo, bastava, sim, a essência da pedagogia beneditina.

domingo, 31 de julho de 2016

Jacques Hamel, mártir? Não sabemos!


Sidney Silveira

Ensina a teologia católica que o martírio é um ato de fortaleza sobrenatural, ou seja, infundida por Deus, por meio do qual alguém aceita PACIFICAMENTE ser morto para dar testemunho da fé em Cristo custodiada pela Igreja.

Sendo uma graça especialíssima, o martírio implica duas circunstâncias, entre outras:

> um ódio específico à fé católica ("odium fidei"), da parte do assassino;
> a aceitação da morte de maneira absolutamente pacífica, sem reação, da parte do mártir (por amor a Cristo).

Para termos idéia do rigor canônico nos processos eclesiásticos de antanho, todos levados a cabo com admirável prudência, houve quem não fosse considerado mártir só porque esboçou uma leve reação em defesa da própria vida, no momento da morte.

Outros tempos...

Em suma, o mártir PREFERE SER MORTO a negar a Cristo, e o faz com a alegria de saber tratar-se duma coroa espiritual gloriosa, concedida a poucos. Tal preferência deve manifestar-se por sinais exteriores inequívocos. Podemos dar como exemplos — distantes um do outro, no tempo — a atitude de São Pedro e a das carmelitas francesas de Compiègne, na hora de suas respectivas mortes.

Valhamo-nos agora duma linguagem metafísica para dizer que a morte violenta infligida pelo carrasco ao cristão é causa material do martírio. A causa formal é a caridosa oblação interior que o mártir faz a Deus na hora de sua morte, não raro também rezando pela salvação de quem o mata. Em síntese, não basta uma pessoa ser morta violentamente para a Igreja considerá-la mártir, pois o ato especificador do martírio é uma entrega caridosa, daí dizer Santo Tomás: "(...) ad actum martyrii inclinat quidem caritas sicut primum et PRINCIPALE motivum".

A propósito, a catequização do Brasil acelerou-se quando índios antropófagos perceberam que alguns portugueses por eles assassinados — e depois comidos com infame volúpia — se punham de joelhos antes de morrer não por covardia, mas por uma coragem de ordem muitíssimo superior, feita de perdão aos homens e amor a Deus.

Quem leu com atenção a "História Geral do Brasil", de Varnhagen, cuja ilustração desta postagem fotografei para mostrar neste breve texto aos amigos, percebeu o seguinte: os índios passaram do desprezo àquilo que consideravam tibieza ao estupor de descobrir uma forma supina de coragem. Até então, segundo relato de diferentes cronistas, o prisioneiro da tribo inimiga a ser comido passava por um regime de engorda, e até lhe era oferecida uma jovem para que tivesse algum recreio venéreo antes de morrer. Esta concubina pré-funerária tinha de derramar algumas lágrimas, depois da morte do seu amante circunstancial, para mostrar-se digna de comer o primeiro bocado do banquete: o pênis do defunto.

Oh, elevada civilização dos bons selvagens!

Quanto ao padre Jacques Hamel, degolado por desgraçados muçulmanos na última semana, senti-me envergonhado ao ver uma garotada católica afirmar com certeza tratar-se de um MÁRTIR QUE JÁ É NOSSO INTERCESSOR NO CÉU. Santo Deus! Comentei isso ontem com um excelente canonista amigo meu, e ele não apenas concordou comigo, como também citou estudiosos que estão a sublinhar o tamanho da imprudência desta afirmação, assim como a total inocuidade teológica e magisterial dela.

Não conhecemos todas as circunstâncias deste crime bárbaro, simples prenúncio do que está por vir no continente europeu espiritualmente prostrado, moralmente emasculado e politicamente ferido de morte pelo pluralismo.

Seja como for, nunca é demais estudar, um pouco que seja, antes de opinar em matéria tão complexa.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Duas novidades: revista "Verbum" e Coleção Neotomismo



Sidney Silveira

Em breve darei notícias detalhadas de duas iniciativas nas quais estarei envolvido: escrever artigos para a revista "Verbum", cujo primeiro número logo será anunciado, e coordenar a COLEÇÃO NEOTOMISMO, que editará obras de autores verdadeiramente fabulosos.

O primeiro livro da referida coleção será do filósofo e teólogo belga Pierre Mandonnet (em destaque na foto desta postagem), no qual é abordado o problema do averroísmo latino do século XIII.

A maior parte dos autores da Escola Neotomista iniciada no último quartel do século XIX, diga-se sem constrangimentos de nenhuma espécie, está muito acima de tudo o que ainda hoje é louvado como alta filosofia do século XX.

Precisaremos do apoio dos amigos para levar o projeto COLEÇÃO NEOTOMISMO em frente, aviso desde logo.

Ele virá a luz pela editora Primus, também responsável pela revista "Verbum".

sexta-feira, 24 de junho de 2016

História do Brasil sem Máscaras




Sidney Silveira

HISTÓRIA DO BRASIL SEM MÁSCARAS — a pátria além da ideologia

Começo com o amigo Sergio Pachá uma atividade em molde muito diferente de tudo o que já fizemos juntos: um curso de História do Brasil que poderá ser adquirido pelos interessados aula a aula, ou seja, de acordo com o tópico que lhes aprouver.

Sem qualquer nódoa de falsa modéstia, digo o seguinte: atualmente, nem nas faculdades de História nem fora delas se tem acesso a um conteúdo como o que apresentaremos, sobretudo da maneira como o apresentaremos.

Cada aula custará R$ 35.

Iremos do Descobrimento à Era PT, montando quadros sinópticos.

Em poucas palavras, tratar-se-á duma História do Brasil sintética e comentada. 

CLIQUE NESTE LINK (http://goo.gl/6jWLvo) e adquira a primeira aula.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Pai


Sidney Silveira

Pai,

Só sabe que a inocência existe quem a perdeu de olhos abertos.

A minha época de verdadeiro idílio foi quando — menininho ainda — eu não via nada à frente além de você, pai. Quando nada mais me importava além da sua anuência às minhas incontáveis travessuras.

O tempo passou e os nossos caminhos se foram afastando aos poucos, mas tenho confiança em Deus que eles voltarão a se cruzar. Sim, numa realidade em que perdão e amor serão apenas dois nomes a designar um só movimento d'alma.

Quem sabe lá conseguirei ser um filho melhor?

Esta foto, relativamente recente, foi-me enviada por minha irmãzinha a seu pedido, pai, para que eu o visse sem barbas após longo tempo em que você as manteve longas.

Descanse em paz, meu velho.

Se algum dia tive pureza de espírito, foi na época em que dormia somente depois de ouvi-lo entrar em casa, às vezes tarde da noite. Era a senha para o sono vir.

Já vai muito longe o tempo em que o meu coração foi bom. E só o foi por causa do amor incondicional que você me fez sentir, naqueles anos. Um amor cheio de momentos inesquecíveis, como quando, orgulhoso, eu saía do Maracanã nos seus ombros após uma vitória do nosso tricolor.

Se algo de bom em mim ainda vive, é essa infância que não morreu.

Nela, você foi o rei.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A vaca muge no brejo


"Lutar contra os católicos 'integrais' numa frente orgânica 
é muito mais difícil que lutar contra os católicos modernistas".
ANTONIO GRAMSCI
("Note sul Machiavelli, sulla Politica e sullo Stato Moderno", Cap. V, n. 3)

Sidney Silveira

Os esquerdistas de meados do século XX se esmeraram em conhecer bem os inimigos com o intuito de medir as suas forças com o maior realismo possível, ao passo que as direitas liberais foram hipnotizadas pela ferida narcísica de crer nos seus dotes intelectuais "superiores", presunção tola que só poderia acabar mal.

Gramsci tinha clara noção da dificuldade de lutar contra adversários intelectualmente quase imbatíveis, ou seja, a direita católica tradicional, que, naquela altura, com o esfacelamento das monarquias, procurava reorganizar-se. Não por outro motivo, as esquerdas foram cada vez mais se aproximando do modernismo católico que acabou por sair vitorioso no Concílio Vaticano II.

No Brasil, essa esquerda católica liberal metamorfoseou-se na comunistóide Teologia da Libertação, que, no plano político, é mãe solteira do Partido dos Trabalhadores.

Só uma ignorância histórica grandemente culpável pode negar estes fatos.

terça-feira, 24 de maio de 2016

O mundo da falsa unidade...


Sidney Silveira

"El delirio por la unidad se ha apoderado de todos en todas las cosas: unidad de códigos, unidad de modas, unidad de civilización, unidad administrativa, unidad comercial, industrial, literaria y linguística".
DONOSO CORTÉS

Lembremos que Donoso Cortés morreu em 1853 e tenhamos a idéia de quão visionário ele foi. O delírio de que fala transformou o mundo em amálgama indomável, feito duma unidade oca, sem substância – a qual joga todos contra todos prometendo a redenção terrena duma paz quimérica.


terça-feira, 3 de maio de 2016

DIA 10/05: no ar, curso "A Inveja"

Sidney Silveira

FALTA UMA SEMANA para ir ao ar o minicurso "A inveja".

Digo aos amigos que participar desta iniciativa é ser solidário com um dificultoso projeto de difusão do pensamento de Tomás de Aquino no Brasil — o qual a transcende, e muito.

Se a felicidade, nesta vida precária, é "el imposible necesario", como a definira o filósofo espanhol Julián Marías em sua instigante "Antropología Metafísica", isto indica que ela passa pelo conhecimento dos princípios civilizatórios sem os quais a vida comunitária se torna um caos, e a vida individual, um inferno.

O Brasil está no inferno e no caos justamente por ter perdido o saber e o sabor desses princípios, que Santo Tomás tão bem expôs.

O conhecimento acerca da natureza dos vícios e das virtudes é desses que julgamos necessariíssimo.

Você que tem noção da importância do resgate de Tomás de Aquino nos dias que correm, INSCREVA-SE AQUI:


P.S. O valor total do curso é R$ 80,00. Quem já participou de alguma atividade do Contra Impugnantes, assim como quem está cadastrado no site, recebeu e-mail com instruções sobre como adquiri-lo a R$ 60,00.

sábado, 23 de abril de 2016

Máximas e mínimas sobre a inveja




Sidney Silveira

CURSO "A INVEJA" — INSCRIÇÕES EM:


MÁXIMAS E MÍNIMAS SOBRE A INVEJA

* A inveja nunca morre de cansaço.
* O invejoso adora com fervor a mediocridade alheia.
* Não há redenção na inveja.
* A mais pequenina e silenciosa das invejas é um ato de fúria.
* O invejoso é o pior intérprete da realidade.
* A inveja é o mais desastroso equívoco das pessoas que não sabem amar.
* O invejoso precisa de uma teoria que o justifique.
* O manipulador usa a inveja alheia em benefício próprio.
* Toda inveja é um sistema de autojustificativas.
* O invejoso é imoralmente apegado a detalhes.
* A inveja é a derrota da inteligência para uma vontade hipertrofiada.
* A inveja não é fruto do acaso.
* Toda inveja é uma ambição desmedida.
* Pior que a inveja só o contorcionismo intelectual de justificá-la.
* Ninguém tem pendor natural à inveja.
* O invejoso tem na própria inveja o seu castigo.
* Não há inveja que não nasça duma mentira.
* Verdadeiro milagre é um invejoso arrepender-se.
* Desobedecer o quanto puder, eis o ofício do invejoso.
* A inveja política é um disfarce da inveja filosófica.
* As maiores invejas são um primor de sofisticação.
* Ama de todo o coração, e serás invejado com fúria.
* A pior das afrontas para o invejoso é a bondade alheia.
* Excesso de sarcasmo é sintoma de inveja.
* O silêncio do invejoso fala.
* O ódio é a sinceridade do invejoso.
* Inveja é o nome multissecular da egolatria.
* A futilidade é irmã caçula da inveja.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Um tomista brasileiro fora do país...

Sidney Silveira

A ESCASSEZ DE TOMISTAS competentes na academia brasileira é fruto de muitos fatores conjugados — sobre os quais não me interessa falar nesta postagem. Apenas digo que sei de histórias de arrepiar os pêlos pubianos que o capeta não tem...

Alguns são analfabetos funcionais que publicam traduções não apenas medonhas, mas de arrasar conceptualmente a obra do Aquinate. Um dia talvez eu escreva sobre isto, em favor de Santo Tomás.

Enfim, num cenário completamente desfavorável, que talentos brasileiros trilhem carreira acadêmica fora do país, é algo compreensível. E que o façam com sucesso, é louvável!

Este é o caso do Prof. Luiz Astorga, cujo estudo metafísico acerca da natureza dos anjos acompanhei de perto durante muitos anos. Ele acaba de publicar pela EUNSA uma obra que recomendo de olhos fechados:

"El intelecto de la sustancia separada: su perfeción y unidad según Tomás de Aquino".

Este é um dos temas mais difíceis em Santo Tomás.

A quem interessar, eis o link para aquisição da obra:

Curso "A Inveja"




Sidney Silveira

INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES, aqui: http://goo.gl/FhmtNo


A inveja existe? Tem causa? O que é? Quais os seus sintomas? Que virtudes ela contraria?

Estas e outras questões — todas expostas à luz da doutrina de Santo Tomás de Aquino — serão compartilhadas com os alunos do curso "A INVEJA".

VALOR TOTAL: R$ 80,00
DESCONTO DE 25% para quem já participa de algum de nossos cursos

O CURSO ESTARÁ POSTADO EM 10/05.
P.S. As pessoas que já participam de alguma atividade conosco receberão, em breve, um e-mail com instruções sobre como proceder.
Quem dos nossos alunos porventura não receber esse e-mail (e tiver interesse no desconto de 25% do curso "A Inveja"), por favor mande mensagem para contato@contraimpugnantes.com — com os seguintes dizeres no ASSUNTO do e-mail:
25% DE DESCONTO NO CURSO "A INVEJA".

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Beleza vital



Sidney Silveira

Enquanto o Brasil se desfaz em pétalas de flores malditas — cujo odor contamina as narinas da gente de bem —, é preciso ir aos lírios do lodo e colocá-los à vista de todos, ainda que pouquíssimos sejam capazes de dar testemunho da beleza.

Com o curso "O Soneto", eu e o Prof. Sergio Pachá temos apresentado algo dessa realidade plenificante, capaz de aliviar muitas dores.

Se alguém se sentir compelido a contribuir com esta iniciativa, saiba que as inscrições neste curso de R$ 90,00 podem ser feitas em:


Ler poesia é um santo remédio para a fadiga moral.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Epiquéia, parte da Justiça



Sidney Silveira

Eis aqui um trecho da segunda aula do curso "Filosofia à luz da Filosofia Perene", CUJAS INSCRIÇÕES ESTÃO ABERTAS em:

quarta-feira, 23 de março de 2016

Os canalhas e a lei


Sidney Silveira

Ser filho-da-puta não é inconstitucional; ser filho-da-puta é uma realidade moral. Isto no mundo que perdeu a devida noção de "ratio legis", ou seja, daquilo que faz uma lei ser — essencialmente — lei, na perspectiva ontológica. E aqui não nos custa salientar o seguinte: há normas preceptivas que não esgotam o caráter de lei, pois apenas indicam caminhos de ação.

Juristas e legisladores sem sólida formação filosófica são uma espécie de monstruosidade. Mesmo quando bem-intencionados, contribuem para a desgraça de um país. São máquinas de citar leis feitas PARA os homens, mas nem de longe imaginam "o que é" ser homem. Na cabeça oca de tais criaturas, as causas material e eficiente estão descasadas das causas formal e final. Resultado? Leis que desconsideram a natureza humana ou simplesmente a contrariam. Sentenças moralmente aberrantes, evasivas, oportunistas, simplórias.

A propósito, quando a lei não mais diz respeito ao caráter das pessoas, é porque se transformou numa vertigem sombria totalmente apartada da justiça.

Quem leu Platão e Aristóteles com atenção, sabe que o ordenamento jurídico de uma nação, ao qual contemporaneamente chamamos "Constituição", não pode ir de encontro às notas constituintes da pessoa humana. Por isso, a lei não pode tornar-se impedimento formal para o florescimento das virtudes cívicas sem as quais ela própria não poderia existir.

Num país ainda não descambado na barbárie, os magistrados não são ventríloquos nem papagaios de pirata, mas hermeneutas. Portanto, estão conscientes de que as leis são instrumentos civilizacionais, e nelas o aspecto formal suplanta o material, o espírito supera a letra. Sabem que o primeiro objetivo de toda lei é mover os homens a agir honestamente, como diz o tomista Domingo de Soto em "De iustitia et iure".

Os bandidos brasileiros destes dias que correm buscam amparo na letra fria da lei — interpretada de maneira absolutamente limitadora — para matar o espírito que a anima. Contam, para dar vazão às suas frenéticas atividades lesivas ao país, com o apoio às vezes ingênuo de juristas desconhecedores do beabá da antropologia filosófica, os quais dão pareceres à luz de leis feitas para os homens, sem saberem "o que é" o homem.

Pois muito bem: nenhuma lei pode contrariar a estrutura dinâmica da realidade. Quando isso acontece, está, pois, constituída formalmente a República dos Filhos-da-Puta, dos canalhas praticantes, dos devotos da sem-vergonhice que precisam engessar a lei para, dentro dela, agir contrariamente a todos os princípios morais. 

O canalha constitucional surfa nos desvãos das alíneas, dos parágrafos, dos regimentos — e tem grande liberdade de ação onde os magistrados são péssimos intérpretes da lei. Ou então nos casos em que são, também eles, bons filhos-da-puta.

Pobre é o país dos constitucionalistas para quem a natureza humana é uma miragem; e a lei, uma estátua de gesso. 

segunda-feira, 7 de março de 2016

Últimos dias da Promoção de Carnaval C.I.


Sidney Silveira

A POLÍTICA como arte de melhorar os cidadãos**

Quando legisladores não sabem o que é a lei e políticos não sabem o que é a política, estamos diante da prova cabal de que os cidadãos desaprenderam a cidadania. É preciso, pois, reeducá-los, e isto se faz na teoria e na prática.

Agradeço, uma vez mais, ao cientista político Víctor Nieto por divulgar o curso sobre política do C.I.

O propósito desta iniciativa é incentivar jovens a buscar formação para, no futuro, atuar na política a partir de bússolas seguras.

Abaixo, o link para aquisição do curso na Promoção de Carnaval do C.I., que se encerra nesta semana (a qual inclui o curso "Francês a partir das Fábulas de La Fontaine"):


E aqui, fora da promoção:

** ADVERTÊNCIA PARA DESAVISADOS: não se trata de passar uma cartilha aplicável mecanicamente a cérebros engessados, mas apresentar princípios sem os quais toda experiência no terreno da política soçobrará na ininteligibilidade.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

PARTIDO ESPERANÇA: virtudes cardeais e política



Sidney Silveira

Ou a sociedade é regida por homens que estabeleceram a virtude como parâmetro, ou vigora a política dos imprudentes, dos injustos, dos fracos e dos destemperados. É o que, no vídeo desta postagem, procuramos mostrar: inexiste possibilidade de realização do bem comum quando as posições de mando estão nas mãos de homens sem balizas morais.

Esta é mais uma chamada para o PARTIDO ESPERANÇA, cuja atividade "Política à Luz da Filosofia Perene" pode ser adquirida em nossa Promoção de Carnaval até 10/03 — data em que o curso se inicia — no seguinte link:


Depois, só ao valor que estipulamos para esta iniciativa, cuja ementa se encontra em:

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A dissolução da reta ordem



Sidney Silveira

No vídeo acima, o cientista político Victor Nieto faz — diante do Parlamento Europeu, em Luxemburgo — uma chamada para o curso "A Política à Luz da Filosofia Perene", a ser ministrado  por mim. Estudioso da escola tomista espanhola, Nieto frisa que a política ou serve ao bem comum ou servirá à desintegração completa da civilização. 

Você pode ver a ementa do curso no link a seguir: 


Se tiver interesse, pode adquiri-lo por menos da metade do seu valor na Promoção de Carnaval do Contra Impugnantes: 


Pela Promoção você tem direito ao seguinte curso: 

FRANCÊS A PARTIR DAS FÁBULAS DE LA FONTAINE, com os professores Sergio Pachá, ex-Lexicógrafo-Chefe da Academia Brasileira de Letras, e Lúcia Piza, mestra em língua francesa pela UFRJ. 

AS AULAS COMEÇARÃO A SER POSTADAS EM 10/03

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Olhos e narinas sãos

Sidney Silveira

A melhor maneira de conviver com a repugnância ou com feiúra é vê-las como na realidade são: repugnantes e feias — em lugar de fechar os olhos ou fingir que são belas. Com a democracia liberal acontece algo análogo: respirar nela pressupõe saber que o seu ar é insalubre. Quem vive assim, não gasta oxigênio à toa; nos casos de necessidade extrema, há de ter alguma reserva para encher os pulmões e sobreviver.

A outra opção é morrer asfixiado pelo fedor pensando cheirar rosas...

domingo, 7 de fevereiro de 2016

PROMOÇÃO DE CARNAVAL (II): dois cursos pelo valor de (menos de) um!



Sidney Silveira

Oferecemos uma chance aos amigos que acompanham o trabalho do Contra Impugnantes: a aquisição de dois cursos a um valor ABAIXO do custo de um só deles.

Trata-se das seguintes iniciativas pedagógicas:

> FRANCÊS A PARTIR DAS FÁBULAS DE LA FONTAINE, com os professores Lucia Piza e Sergio Pachá; e
> PARTIDO ESPERANÇA: ESCOLA DE POLÍTICOS, com Sidney Silveira.

As respectivas ementas estão na área “Inscrições” do site Contra Impugnantes (http://contraimpugnantes.com/cimoodle/). Na promoção, os alunos podem ADQUIRIR OS DOIS CURSOS POR APENAS R$ 700,00 — ou seja: a bagatela de R$ 350,00 por cada um! E ainda podem parcelar este valor em até 12 vezes.

As aulas começarão a ser postadas no dia 10/03.

Vá ao endereço abaixo e participe da promoção:

P.S. Neste breve vídeo, faço uma chamada para a Escola de Políticos.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

PROMOÇÃO DE CARNAVAL: dois cursos pelo valor de (menos de) um!


Sidney Silveira

Oferecemos uma chance aos amigos que acompanham o trabalho do Contra Impugnantes: a aquisição de dois cursos a um valor ABAIXO do custo de um só deles.

Trata-se das seguintes iniciativas pedagógicas:

> FRANCÊS A PARTIR DAS FÁBULAS DE LA FONTAINE, com os professores Lucia Piza e Sergio Pachá; e
> PARTIDO ESPERANÇA: ESCOLA DE POLÍTICOS, com Sidney Silveira.

As respectivas ementas estão na área “Inscrições” do site Contra Impugnantes (http://contraimpugnantes.com/cimoodle/). Na promoção, os alunos podem ADQUIRIR OS DOIS CURSOS POR APENAS R$ 700,00 — ou seja: a bagatela de R$ 350,00 por cada um! E ainda podem parcelar este valor em até 12 vezes.

As aulas começarão a ser postadas no dia 10/03.

Vá ao endereço abaixo e participe da promoção:

P.S. No breve vídeo desta postagem, a Profª. Lucia Piza, mestra em língua e literatura francesa, faz uma chamada para o curso de francês.


A MELHOR FOLIA NESTE CARNAVAL É INVESTIR NO ESTUDO

Morrer, derrota do mais radical dos apetites

Sidney Silveira

A morte dita natural é a derradeira insubordinação das potências vegetativas contra todas as demais potências da alma. Ela demarca, no homem, o limite da ação do espírito sobre a matéria, visto não termos total domínio sobre o que, ao operar em nós, independe da vontade e da inteligência — para o bem o para o mal: seja a circulação do sangue, seja um câncer que avança imparável, seja a digestão dos alimentos, seja uma tuberculose. Trata-se da derrota da natureza humana naquilo que tem de mais elevado e por cujo intermédio se manifesta, de maneira clara, o nosso anseio por perdurar.

Morrer, no caso humano, é uma fatalidade metafísica em que o apetite entitativo mais radical — existir, persistir no ser com a mesma forma — é irremediavelmente destruído. Não por outro motivo, toda morte é, num certo sentido, antinatural, ou melhor: é natural com relação ao corpo, mas não com relação ao princípio imaterial que o anima. Em síntese, nada tende ao seu contrário, pois cada coisa apetece o que lhe é conveniente, como escreve Santo Tomás a certa altura do livro III da "Suma Contra os Gentios". Em breves palavras, toda potência tende ao ato para o qual está teleologicamente vertida.

Na vida o natural é viver, e não morrer. Por isso não deixa de ser irônico que, na morte dita natural, o espírito sucumba àquilo que, ontologicamente, é de dignidade inferior no homem: as potências vegetativas. Assim, mais do que a finitude, a morte revela a nossa limitação — no fato de o espírito humano não ter poder absoluto relativamente à matéria que ele próprio anima.

Quem convive com problemas cardíacos congênitos, como eu, está sempre a contemplar a limitação deste ato de ser mais radical em nós. Qualquer hora dessas, a debilidade vence a força e se estabelece a doença definitiva: morrer.

A morte humana é a vitória incidental do cronológico sobre o eterno, do finito sobre o infinito, da potência sobre o ato, da matéria sobre a forma, do mal sobre o bem.

Ah, quisera eu apenas dizer "Bate, bate, bate, coração", e ele tum-tum-tum obedecer sem resmungos...

Mas Deus sabe o que faz.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Algoritmos da ingratidão


Sidney Silveira

A ingratidão tem uma vasta tipologia especificada pelos motivos que a conformam. É-se ingrato por malícia; é-se ingrato por fraqueza; é-se ingrato por ignorância. Estas três espécies gerais da ingratidão se subdividem em incontáveis tipos mais ou menos deletérios, os quais muitas vezes se mesclam e cooperam de diferentes maneiras para fazer arraigar na alma de alguém este vício.

Exemplifiquemos:

> O estúpido — enquadrado na subespécie da ignorância — não pode ser grato;
> O susceptível — enquadrado na subespécie da fraqueza  não pode ser grato;
> O invejoso — enquadrado na subespécie da malícia  não pode ser grato.

Enfatize-se que se está a falar do hábito da ingratidão, e não de atos isolados dela, embora estes últimos representem sinais de fumaça a indicar o seguinte: nalgum lugar crepita um fogo horroroso, o fogo da doença que despersonaliza a pessoa e a torna refém de emoções desgovernadas, as quais vão aos poucos afastando a inteligência do centro da personalidade. Em suma, o ingrato é derrotado por paixões que o fazem não enxergar a beleza dos valores morais. Este verdadeiro aleijão gnosiológico cria uma deformidade monstruosa na vontade, que, a partir de certa altura, passa a apetecer o bem caoticamente — sem ordená-lo de acordo com os graus de ser pelos quais se faz presente na realidade.

Os algoritmos conformadores da ingratidão são análogos à tabela periódica da química, na qual os elementos estão sistematicamente dispostos de acordo com as suas propriedades. No caso de que se trata, a mescla entre graus de impureza no ato propriamente humano contribui para formar-se o hábito da ingratidão; conhecer, pois, o magma funesto dessas combinações é imprescindível para o estudioso da alma humana elaborar o juízo que aquilatará, em cada circunstância, o tamanho desta enfermidade moral. Tais misturas são os reais ingredientes da ingratidão; se forem compreendidas a contento, podem até trazer a cura a quem padece deste mal.

Se o sujeito é colérico (subespécie da fraqueza), como poderá ser grato? Se o sujeito é mentiroso (subespécie da malícia), como poderá ser grato? Se o sujeito desconhece, seja por que motivo for, a natureza do benefício com o qual foi agraciado (subespécie da ignorância), como poderá ser grato? A arquitetura destes conceitos pressupõe a codificação precisa da hierarquia dos males morais e a arte de identificar circunstâncias atenuantes ou agravantes capazes de trazer a clara visão dos graus de hediondez da ingratidão, que a tornam mais ou menos culpável.

O psicólogo tarimbado cuja linha seja realista é capaz de verificar, com relativa facilidade e precisão, as más inclinações de uma pessoa. O vício da ingratidão se encontra entre elas e aponta de maneira certeira para outros vícios mais graves. Perceber isto não é obra do acaso, mas do estudo da natureza metafísica do ato humano — a qual está descrita de maneira absolutamente sublime na IIª-IIª da Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino. Aqui, como este breve texto não trata de teologia, evito aprofundar o chamado “estado de graça”, o qual traz à alma uma sanidade grandemente facilitadora da compreensão dos atos propriamente humanos, levados a cabo pela inteligência e pela vontade.

Seja como for, a um ingrato só se deve retribuir de duas maneiras: com perdão e distância. O perdão conformado pelo amor a algo maior, a começar pela própria sanidade de quem foi vítima de ingratidão; e a distância por uma questão de prudência. Qualquer outra reação pode fazer aflorar ódios tão ou mais difíceis de curar que a própria ingratidão.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Arte e audácia

Sidney Silveira

AUDÁCIA É UMA QUALIDADE comumente encontrável entre canalhas de estrita observância, assim como entre fanáticos, genocidas e psicopatas em geral. Em síntese, trata-se da perversão da virtude da coragem, a qual é especificada pelo fim intrinsecamente bom da ação.

Santo Tomás sabia das coisas quando explicou de que modo a audácia pode opor-se à virtude cardeal da fortaleza.

Apenas em sociedades infantilizadas, que perderam completamente o sentido superior da arte (como reta razão no fazer orientada a um bem real), é possível enumerar a audácia entre as qualidades louváveis num artista.

No tempo em que ser artista se resume a continuamente afrontar o mundo em busca de novos "paradigmas", não é de estranhar que um dia alguém apresente como arte o ato de escarafunchar — em público — o ânus alheio.

Sim, no universo mental dos audazes, a arte cedo ou tarde acaba por ser identificada com o ato de fazer merda ou de fuçar merda.