sexta-feira, 31 de maio de 2013

Fim do "Contra Impugnantes"


Sidney Silveira
O Contra Impugnantes está encerrando as suas postagens a partir de hoje. Foram cinco anos em que julgo ter cumprido um papel com este modesto espaço na internet: fomentar o interesse na obra de Santo Tomás no Brasil. Sei de várias pessoas que hoje estão fazendo monografias ou teses de mestrado e doutorado (algumas, a propósito, sob minha orientação informal).
Encerrar o blog no momento em que está com a melhor média de acessos diários é quase irônico. Coincide com o fato de eu estar espiritualmente esgotado e financeiramente na penúria, desde a época da cirurgia cardíaca por que passei. Aceito a derrota. Aceito-a com a certeza de ter cumprido um dever, ou melhor, um preceito de Cristo: dar de graça o que recebi de graça.
Quanto às outras iniciativas — a menos que aconteça um milagre — também estão suspensas até segunda ordem. Refiro-me aos livros do Instituto Angelicum. Uma pena, porque algumas são obras de real valor que já estavam traduzidas. Verei se o meu parceiro nesta iniciativa toma a frente do trabalho e o leva adiante. A menos, repito, que algo muito excepcional aconteça em breve.
Conheci pessoas maravilhosas nestes anos de blog, mas também vi de perto o pior que pode haver: inveja espiritual, calúnias, detrações, murmurações e até crimes. Posso, pois, dizer que alguns católicos estão entre os piores espécimes humanos que tive o desprazer de conhecer em minha vida: covardes, traiçoeiros, incapazes de amizade verdadeira, cúpidos, sectários, obstinados e, por fim, burros. Pessoas de almas impermeavelmente opacas, algumas delas padres. Eu as perdôo porque é obrigação cristã, mas perdôo com certa comiseração de ver que é quase impossível mudarem, pois alguns de seus pecados são contra a verdade.
Outras iniciativas continuarão sem problemas, como a coordenação de livros para a coleção Medievalia, da editora É Realizações. As duas primeiras obras — Questões Disputadas Sobre a Alma, de Santo Tomás, e Protréptico, de Clemente de Alexandria — ficaram um primor. Novas coisas virão.
Aos leitores fiéis do Contra Impugnantes ao longo destes cinco anos, agradeço de coração.
Abraço a todos e vida que segue.
P.S. Peço aos interessados nos textos que os copiem, pois não é impossível que eu desative o blog; antes eu mesmo quero copiar algumas coisas, quando tiver tempo e paciência para tanto. Mais à frente, editarei em livro os que julgar de algum valor.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Corpus Christi



Hóstia viva. Amor sacrifical perfeito e sumamente meritório. Entrega total. Luz do mundo. O preceito manda-nos adorá-Lo neste dia.

terça-feira, 28 de maio de 2013

“A lei e os fins da política”, breve conferência a realizar-se no dia 08/06


Sidney Silveira
A convite do diretório estadual da Aliança Renovadora Nacional – ARENA no Rio de Janeiro, proferirei no próximo dia 08 de junho (sábado) a mini-palestra intitulada A lei e os fins da política.
Tratar-se-á de uma breve fala em defesa dos princípios civilizacionais sem os quais sequer pode haver política, em sentido próprio.
Ø  Local: Auditório da Associação Comercial, Rua da Quitanda, 191, 10º andar, Centro, Rio de Janeiro
Ø  Horário do evento: 9h às 12h.
Os amigos do Rio e adjacências estão convidados.
Para maiores informações, os interessados podem entrar em contato com Claudio Henrique Mota Melo.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Deus, pilar metafísico do matrimônio


A Carla Gomes
“Um amor não firmado em Deus, por mais que viva, vive a morrer”.
Sidney Silveira
Dizia Santa Teresa d’Ávila que este mundo é uma hospedaria barata, razão pela qual não podemos levá-lo demasiadamente a sério, nem nos deixar prender por seus laços, sobretudo quando estes nos afastam de Deus, pelo pecado — malogro da inteligência e da vontade desviadas dos seus objetos formais: a verdade e o bem.
Para a notável mística do Carmelo, assim como para o Magistério da Igreja, somos peregrinos rumo a uma dimensão que transcende à corruptibilidade — instância onde o amor de Deus mantém as coisas no ser. A propósito, o advérbio “onde” é impreciso para definir tal realidade, pois o Todo que é tudo não cabe em lugares: Deus é absolutamente trans-total, supra-local. É a totalidade sem partes quantitativas, meta-dimensional, super-essencial. Trata-se, pois, de uma analogia, ou seja, o recurso de denominar pelo mesmo nome — no caso, a palavra “onde” — realidades distintas quanto à essência, porém relacionadas segundo certa proporção conceptual. Ocorre que, em Si mesmo, Deus é o agora eterno impossível de circunscrever-se pelo espaço. N’Ele não existe onde.
Pois bem. Na medíocre hospedaria do mundo alberga-se o amor humano, que, como insinuava o Padre Antônio Vieira, é feito de corações de cera. Por isso o tempo atreve-se a gastá-lo, a maltratá-lo, a impor-lhe as fadigas do uso continuado, a letargia do tédio. Em síntese, um amor não firmado em Deus, por mais que arda, é fagulha; por mais que cresça, é nanico; por mais que satisfaça, não sacia; por mais que apraza, dói; por mais que preencha, tem lacunas; por mais que viva, vive a morrer. Assim é o amor humano: ele só se torna perdurável, perene, ao ancorar-se n’Aquele que está além de todas as durações. Caso contrário acaba tornando-se um grilhão, e muitas vezes o justificamos apelando culpavelmente às nossas próprias debilidades.
O amor que tem como pilar a Deus não é fuga em busca de conforto psicológico ou de catarses fisiológicas, mas o êxodo das potências superiores da alma em direção ao mistério. E isto não são trevas, pois o amor mesmo é a luz que dá sentido às coisas, sem contudo revelar como haure o seu próprio sentido. Ora, se a medida do amor é amar sem medida, como dizia Santo Agostinho, leve-se em conta que a sua semelhança com Deus é ser partícipe da infinitude, quer dizer, do Incomensurável não passível de ser medido. Noutra formulação, o amor é a infinitude de Deus participada às criaturas dotadas de inteligência e vontade abertas ao influxo deste “raio de trevas luminosas”, expressão com que se referia a Deus o Pseudo Dionísio Areopagita, grande neoplatônico cristão. No amor, e somente nele, o homem chega à interseção entre o tempo e a eternidade.
Se as coisas são como aqui se descrevem, é lógico deduzir que o sentido do verdadeiro amor conjugal — como de qualquer outro amor — é Deus. Assim, não pode haver casamento, em sentido próprio, fora do sagrado amor de Deus; pode, isto sim, haver entendimento circunstancial entre os corpos, união civil, união até de almas, porém frágil porque baseada no que é instável, e nada tão instável e sujeito a crises como o coração humano, quando abandona-se a si mesmo.
Profanar o matrimônio tem sido prática continuada das sociedades de nossa era globalista, na qual só um cristianismo fake pode ter lugar, como o das seitas evangélicas e o de uma Igreja Católica magisterialmente tíbia, infiltrada por elementos alienígenas que a minam por dentro. Era fechada ao mistério e, portanto, à luz benemerente do amor.
Que chamemos, pois, a qualquer união entre duas (ou mais) pessoas de “casamento”, é apenas um dentre tantos signos distintivos do declínio civilizacional em que caminhamos. Da perda da noção de que o matrimônio tem como pilar metafísico o Próprio Ser Subsistente, daí que alcance uma intimidade para muito além da dos corpos, embora também abarque este plano físico, que tem a sua bondade e a sua funcionalidade próprias.
Numa época tão materialista e hedonista, consolam-nos as palavras de São Paulo segundo as quais “o amor jamais acabará”. Ele é maior que o mundo.
É a razão de ser do mundo.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Escassez temporária de textos, etc.


Sidney Silveira
Tenho recebido mensagens (algumas delas comoventes) de leitores indagando-me sobre os porquês de o Contra Impugnantes ultimamente estar com tão poucas novas postagens de textos. Agradeço de coração aos que me escreveram, e explico-me com brevidade. É bastante simples.
Ainda não me recuperei (nem de longe) dos reveses financeiros acarretados pelo pré-operatório de minha cirurgia cardíaca. Ao contrário, tenho trabalhado basicamente para pagar dívidas e juros, e estes meses têm sido difíceis.
Vem faltando, pois, tempo e cabeça para dedicar-me a este espaço que, com amor, tenho preservado ativo desde junho de 2008.
Assim que der, voltarei a postar coisas novas.
Muito, muito obrigado a vocês!
P.S. Não sem grande tristeza n’alma, perguntei reservadamente a alguns amigos se eles tinham interesse em comprar a obra de arte que tenho em minha casa: a linda escultura em bronze de Sto. Tomás que ilustra esta postagem. Como aparentemente não lhes interessou a aquisição, visto que não responderam, deixo aqui o recado. Quem quiser fazer uma boa oferta por este trabalho (e com isto ajudar-me a sair da atual situação), escreva para sidneylsilveira@gmail.com.
Se eu não responder, será por dois motivos: a oferta não interessou e estou realmente com pouco tempo para escrever o que não for absolutamente necessário.
P.S.2. Para não passar em branco a postagem, indico o link de um texto que meu irmão, o medievalista Ricardo da Costa, assina comigo; ele o apresentará numa conferência em São Paulo. Em verdade, a parte que me coube foi fruto de uma breve gravação que fiz com ele sobre a presciência divina segundo Sto. Tomás.
Como é transcrição, o texto está bem coloquial. Em verdade, é apenas uma modesta reflexão sobre o assunto.