quarta-feira, 2 de abril de 2014

Esperança, virtude teologal



Sidney Silveira

O homem só conhece verdadeiramente o caráter dadivoso da confiança em Deus chamada esperança quando perdeu muito de tudo: amigos, trabalho, saúde, família. Ele então se torna apto a compreender que a esperança é presente do céu, e não um vislumbre adquirido pela argúcia humana.

Não se trata de nenhum cálculo probabilístico favorável, mas da entrega absolutamente cega a algo superior.

A esperança cristã brilha na escuridão porque é luz vinda do alto; a esperança meramente humana — deixada no fundo da caixa de Pandora —, ainda que se alimente de alguma luz nascida das aspirações dos homens, é treva.

O cristão tem plena convicção de que recebeu a esperança de presente quando ela resiste a todas as perdas. Quando se mostra como poderosa força contra tudo e contra todos.

As outras esperanças são esperas mensuradas; a esperança cristã é espera mensurante. As primeiras são medidas pela cupidez humana; a segunda mede a estatura espiritual de quem a possui porque se ampara n'Aquele que não pode ser medido.

Daí dizer São Paulo que a mensagem da Cruz, ou seja, essa inabalável espera a partir do sofrimento e da agonia, é loucura para os gentios. E de gentios podem muito bem ser chamados hoje todos os que esperam no mundo, com o mundo e para o mundo.