terça-feira, 15 de abril de 2014

Vocação coletiva ao brejo das almas


Sidney Silveira

A genuína estupidez é espontânea, espécie de incompreensão instintiva com que um homem não vê as mais gritantes obviedades. Mas no Brasil contemporâneo as pessoas se tornam estúpidas por cálculo, numa crescente e misteriosa adesão macunaímica, em massa, à obtusidade estimulada pelos slogans dos donos do poder, aos quais vendem o voto e a débil consciência por um prato de lentilhas. O brasileiro tornou-se estúpido por preguiça moral, esse atávico "jeitinho" que o inviabilizou civilizacionalmente. Tolerante com o intolerável, indulgente para com a quebra de todos os princípios éticos sem os quais a vida em sociedade é quase impossível, ele tem tido notável afinco em fazer da estupidez um carnavalesco dever cívico. Caso "sui generis" na história dos povos... 

Na verdade, merecemos o PT e a oposição que temos. Merecemos os nossos governadores (escapa algum?). Merecemos todos os políticos que entronizamos, pois eles são a lídima expressão da estupidez à qual aderimos como nação — fato cujo signo-mor é ter a Srª. Dilma Rousseff como presidente da República, criatura incapaz de articular meia dúzia de frases seguidas num mesmo período sem afundar em pungentes anacolutos.

Pois bem: se há conserto para um país com tantas riquezas naturais mas também tanta miséria humana, tanta pobreza intelectual e moral, é coisa que deixo para os adivinhos, os taumaturgos ou os vagabundos resolverem. 

Enquanto isso, viva a Copa do Mundo e o Maracanã de dois bilhões de reais! Viva o recorde de assassinatos! Os desvios de verbas nos Ministérios! O mensalão! 

Mil vezes etc.!