PARA BOTAR ÁGUA NA BOCA DE VEZ
Sidney Silveira
O idioma — qualquer idioma — é mero instrumento para a inteligência ir às coisas por intermédio de signos e alcançar a região das formas inteligíveis superiores, ou seja, extrair delas a essência imaterial. Só o esteta, ou seja, o homem mutilado espiritualmente a ponto de deter-se na instância exterior e superficial das coisas, se compraz no idioma por ele mesmo. Sim, por belo que seja, qualquer idioma é de uma miséria ontológica patente se comparado ao ser, à realidade das coisas criadas por Deus, que ele se esforça por alcançar ou traduzir, sempre de maneira assintótica, parcial, limitada.
Em suma, aprendemos um idioma para ir além dele próprio, e não para exibi-lo como um troféu. No caso do latim, a conveniência de estudá-lo é imensa, se considerarmos, mais do que a riqueza de suas possibilidades de expressão, as grandes obras da filosofia, da teologia, do direito, da medicina, da política, etc., escritas na língua de Virgílio, muitas delas perdidas em livros bolorentos e jamais reeditadas, seja no próprio latim ou em língua vernácula. Portanto, conhecer o latim clássico é uma forma de abranger as possibilidades de conhecimento ao universo riquíssimo da alta cultura.
Obras imortais são escritas em várias línguas, e são mais importantes do que as línguas mesmas de que se valeram para expressar a beleza, a verdade, a bondade e outros transcendentais do ser. Camões não foi grande por causa do português, mas o português é que se alçou a um patamar superior por causa de Camões. Ora, uma alma hierarquizada, na qual a ordem interna que procura alcançar e manter serve como vestíbulo para a percepção acurada da realidade, entende que a língua é como o pincel e as tintas: causa instrumental, apenas, a qual serve à elevação do espírito. Querer mais que isso é transformá-la em ídolo, ou seja, interromper o caminho do sensível ao inteligível na dimensão estética, como a concebia o filósofo dinamarquês Kierkegaard: instância onde o homem não transcende devidamente ao prazer mundano, imediato, servil.
O CURSO DE LATIM CLÁSSICO com que o Instituto Angelicum reinicia as suas atividades tem isto no horizonte: trata-se de um curso de cultura clássica que tem o latim como veículo, como instrumento. Noutras palavras: mais do que apenas aprender o latim, aprender-se-ão coisas em latim, e isto só é possível quando ele se apresenta como língua viva — o que se dá perfeitamente com o método de Hans Orberg utilizado pelo jovem professor William Botazzini, talento que temos a alegria de apresentar ao grande público brasileiro.
Este é o primeiro curso de muitos que o Angelicum, com a graça de Deus, há de levar adiante. Cursos de línguas, de filosofia e de teologia — sobretudo a tomista.
Façam as suas inscrições!
Informações com Lissandra Lopes pelos e-mails contato@institutoangelicum.com ou aiqchic@gmail.com, assim como no Facebook, em: