segunda-feira, 11 de julho de 2011

Precisões do meu amigo angelólogo

Sidney Silveira


Meu querido amigo Luiz Astorga, ao ler o último texto — sobre se Lúcifer foi criado como serafim ou querubim —, sugeriu pequenas mudanças num dos parágrafos, as quais acato integralmente em prol da sintonia fina dos conceitos. Quando os artigos do Contra Impugnantes começarem a ganhar a forma de livro, isto entrará como substanciosa nota de rodapé ou no corpus mesmo, com a devida menção à luxuosa contribuição do nobre angelólogo.


Eis suas precisões:


“(...) Convém salientar que, de acordo com Santo Tomás, a superioridade ontológica de um Anjo sobre outro não provém propriamente da hierarquia na qual se insere, senão que esta é indício — indireto — da superioridade de umas essências angélicas sobre outras, conforme lhes correspondem faculdades intelectivas mais ou menos potentes, e conforme correspondem a tais faculdades certos aspectos em suas espécies inteligíveis infusas, pelas quais entendem as coisas criadas. Quanto mais perfeito o anjo, tem ele infusas por Deus espécies mais universais que as de outro (por isso, quanto mais perfeito é, menos espécies possui, e muito mais abarcantes) e, conforme esta unversalidade pode ser categorizada sob três aspectos (para que não nos alonguemos, remetemos o leitor a S.T. I q.108 a.1 e a.4), distinguem-se entre si as três hierarquias. Como a hierarquia reflete esta primazia ontológica mediante a universalidade das espécies infusas, proporcionadas a cada ente intelectual nesta escada ontológica conforme a nobreza única de sua essência (que é, em si mesma, especificamente distinta), coerentemete temos que: entre anjos, a hierarquia é de tipo essencial (pois cada anjo é único especificamente), e entre homens, visto que partilham igualmente do último degrau desta escada, é meramente de tipo acidental: os homens, que se individuam e se multiplicam na matéria, têm todos igual nobreza essencial, e a todos convém igualmente a ínfima universalidade das espécies, abstraídas das coisas mesmas; o que varia é que cada homem realiza com mais ou menos perfeição seu árduo processo de captação intelectual abstrativa”.