quarta-feira, 24 de novembro de 2010

"TV" Contra Impugnantes: o "próprio" da ciência, em Aristóteles e Santo Tomás de Aquino

Sidney Silveira
Ouçam-se dois trechos de aula (aqui e aqui) em que se abordam, a partir do predicável "próprio", o que é a ciência de acordo com Aristóteles e Santo Tomás de Aquino. Mais à frente esta aula — inteira, e não apenas estes 21 minutos — integrará a coleção de vídeos A Síntese Tomista, cujos primeiros dois volumes já estão sendo enviados a quem nos solicita, de acordo com o que se anunciou neste post.
EM TEMPO. Ao editar estas aulas, não o fazemos com excesso de escrúpulo. Quero dizer com isto que pequeninas imperfeições, verdadeiras minúcias em meio a uma densa floresta (como é a obra de Santo Tomás), sempre acontecem no decorrer de uma aula. Mal comparando, é como uma pequena "gralha" num texto. Por exemplo: no segundo trecho de aula acima mencionado, em que entre outras coisas se fala que a verdade de cada ente é em si mesma inesgotável, porque cada ente de alguma forma participa da inesgotabilidade da essência do Próprio Ser Subsistente, que é Deus, eu menciono a famosa doutrina de Santo Tomás segundo a qual só há um anjo em cada espécie. E, numa frase seguinte, eu digo, por um lapso, que não há duas espécies de anjos, quando na verdade quis dizer ali que não há dois anjos numa mesma espécie. Como, no contexto, fica evidente tratar-se de um lapso, não editarei o trecho quando for fazer este volume da coleção de vídeos. Estas coisas, que podem parecer uma bobagem, na verdade revelam o que a meu ver deve ser a principal preocupação do filósofo: mesmo tentando ser maximamente preciso na exposição da doutrina, na conceituação de cada tijolo do seu edifício, sempre escapa algo, e o filósofo não deve ficar interminavelmente corrigindo vírgulas dos seus textos. O próprio Aquinate não tinha esse escrúpulo excessivo em seus textos (poderia enumerar aqui várias passagens em que isto é claro), pois embora seja o autor que mais claramente expôs os princípios de cada doutrina em sua obra, algumas vezes deixou rastros de inteligibilidade, completados posteriormente por seus mestres auxiliares. Hoje, vivemos uma situação absolutamente inversa: o apego a minudências muitas vezes insignificantes, do ponto de vista terminológico, faz dos trabalhos acadêmicos algo em si ilegível ou incognoscível. O sujeito lê e tem vontade de se jogar de uma janela do sétimo andar, para pôr fim à angústia...