Sidney Silveira
Violentar o pudor de maneira pública, visceral e coletiva, identificando a liberdade humana com alguns apetites sexuais anabolizados por meio de propaganda ideológica ostensiva, foi o modo eficaz — encontrado por engenheiros sociais — de pulverizar o resquício de senso comum das sociedades contemporâneas.
Falemos o português das chanchadas: a antediluviana "sacanagem" perdeu definitivamente o trono para os tipos violentamente telúricos de sabotagem sexual, ou melhor: de SABOTAGEM DA INTELIGÊNCIA por meio duma noção abstrusa de liberdade aplicada ao sexo.**
O pudor é a barreira psíquica natural que equilibra os impulsos orgânicos relativos ao sexo, a ponto de evitar que a libido se torne a nota distintiva da personalidade humana, com anômala prevalência sobre todas as demais. Por este motivo, transformar a sexualidade numa espécie de insolência política, a pretexto de defesa da "liberdade", é a engrenagem da gigantesca máquina de fabricar gente estúpida encontrada pela indústria cultural de que falava o filósofo alemão Adorno (personagem da filosofia do século XX a quem sou insuspeitíssimo de citar).
Tratava-se, no caso do conceito de Adorno, do fim da chamada "cultura de massas" e do conseguinte estabelecimento duma indústria dita cultural formadora de indivíduos incapazes de deliberar — com grau mínimo de consciência — acerca de suas próprias vidas.
Em síntese: robôs!
Seja como for, "pensar" com o clitóris, com a glande intumescida ou então com os músculos da ampola retal não torna ninguém mais livre —, pois a "ratio" da liberdade não está nos apetites sensitivos, mas reside justamente nas potências superiores da psique humana capazes de lhes dizer "não", quando necessário.
Para desgosto de estupradores, pedófilos e outras subespécies de tarados praticantes, mais ou menos doidões.
Neste contexto, remeto os leitores a um artigo do Contra Impugnantes intitulado Hedonismo Totalitário. Ali se faz alusão ao pudor (aidos) na rica concepção aristotélica:
O despudor compulsório, hoje praticado por jovens pré-moldados para dizer "amém" aos ideólogos da vez e a publicitários oportunistas, é o libelo ostensivamente irracional com que o mundo anticristão revolve as paixões irrefreáveis pelas quais naufraga.
P.S. O título desta breve postagem faz referência ao ESPETACULAR livro do tomista chileno Juan Antonio Widow cujo título é "La libertad y sus servidumbres", publicado pelo Centro de Estudos Tomistas - CET da Universidad Santo Tomás.
Livro que me foi trazido recentemente pelo amigo Luiz Astorga...
** Bibliografia indicada: "Libido Dominandi: Sexual Liberation & Political Control ", de E. Michael Jones; e "Sexual Sabotage", de Judith Reisman.