Sidney Silveira
ADIANTADO na leitura da extensa e bem documentada biografia do filósofo basco Xavier Zubiri, começo a ter uma visão de conjunto das influências que, no final das contas, se refletiram nos vários problemas de sua gnosiologia e no arremedo de teologia que ele literalmente esganiçou, em tardias e duradouras dores de parto. Espécie de luta mal-disfarçada contra o tomismo — responsável indireto, via Magistério da Igreja, pela excomunhão que Zubiri sofreu quando ainda era sacerdote, da qual nunca se recobrou totalmente.
À luz dessa notável biografia intelectual, lida no vetor das mais conhecidas doutrinas de Zubiri, fica evidente para mim a natureza do drama por que o espanhol passou antes de completar 30 anos.
Drama análogo ao de muitos jovens brilhantes que, por falta de boa orientação espiritual, acabam por descambar numa erudição desordenada e sucumbem ao anseio de originalidade que — como demonstra abundantemente a história da filosofia — sempre acaba mal e se torna quase impossível de curar, ultrapassado certo ponto.
Há alguns anos eu prometera aos leitores do blog Contra Impugnantes uma série de textos sobre Zubiri.
Agora aproxima-se o momento de escrevê-la.