Carlos Nougué
Passamos o dia de hoje (10/6/2011) entre informações numerosas e por vezes díspares acerca de um suposto oferecimento de Ordinariato, por parte do Papa, à FSSPX, como forma de “regularizar sua situação canônica”.
Não temos nós a menor condição de atestar a veracidade dessas informações, nem, muito menos, a de saber em termos concretos a resposta dos destinatários do oferecimento. Mas podemos e devemos dizer duas coisas que decorrem dos princípios sobre os quais fundamos o SPES.
1) Esperamos (em todos os sentidos do termo) que o oferecimento não seja aceito. Por quê?
2) Precisamente porque:
a) é a FSSPX o principal bastião da resistência à descristianização total do mundo, à tentativa de desentronizar, como dizia Dom Marcel Lefebvre, o Rei único dos tempos e dos espaços, dos poderes e das almas individuais — Cristo;
b) é a doutrina conciliar, ou seja, a oriunda do Concílio Vaticano II (sobre a qual se funda o papado desde então), peça-chave para a consecução de um poder mundial que é, por seu lado, precondição para o advento do Anticristo;
c) é o ecumenismo vaticano-segundo, com sua tendência à criação de uma espécie de suprarreligião universal ou, ao menos, de um parlamento das religiões sem distinção de verdade e falsidade, o elemento central daquela doutrina;
d) é tal ecumenismo de cunho radicalmente humanista, ou seja, tem por fim último o homem e o mundo, e não a Deus;
e) e é em razão de tais objetivos de fundo anticatólico que o papado conciliar vem insistentemente e verdadeiramente aliciando, desde o início, a tradição católica: que ela siga rezando sua missa tridentina, que siga usando sua batina, mas que se cale quanto ao ecumenismo e ao humanismo, essas verdadeiras afrontas à Verdade e à Fé — e à Cruz que as sustenta.
Ora, olhar tais questões — que têm que ver, ademais, com a vida ou a morte eternas de um número incontável de almas —, olhá-las, dizemos, apenas do ângulo da normalidade “legal” da FSSPX e dos demais grupos tradicionalistas é precisamente inverter, e em hora tão dramática, a realidade: é pôr a Verdade, a Fé e a Cruz de ponta-cabeça, sob o peso esmagador de uma religião que já não é a de Cristo, mas a do homem.