sábado, 17 de maio de 2014

LIÇÃO BÁSICA DE ESTILÍSTICA: “assíndeto” e “polissíndeto” num mesmo período


Sidney Silveira

Vamos ao exemplo aludido no título acima:

“O pedagogo formado na escola de Paulo Freire pontifica, inventa, mistura, e mente, e distorce, e seduz”.

> Como se vê, há três orações seguidas entre as quais não existe nenhum conectivo, nenhuma conjunção: “(...) pontifica, inventa, mistura (...)”. Este recurso estilístico está à mão de qualquer escritor competente, e o vemos tanto em Camões como nos romancistas modernos, quando querem dar colorido e força ao que pretendem dizer.

> Há também três orações começadas com a conjunção “e” precedida de vírgula: “(...) , e mente, e distorce, e seduz (...)”. Outro recurso bastante usado por escritores de valor, quando querem passar qualquer imagem num crescendo. 

Em ambos os casos, nenhuma norma gramatical foi infringida; ao contrário, é português escrito com talento e conhecimento de causa! 

Obs.: "Síndeto" é o termo de origem grega comumente usado para designar a nossa conjunção “e”. Portanto, “assíndeto” é a seqüência de orações sem essa conjunção; e “polissíndeto”, por sua vez, é a seqüência de orações com virtuosa repetição da referida conjunção.

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