Sidney Silveira
No breve porém instigante artigo veiculado no blog do SPES intitulado Judeu-Calvinismo contra Catolicismo, assinado por D. Curzio Nitoglia, lê-se a certa altura que o cristianismo norte-americano foi modelado pela corrente mais radical do puritanismo clássico europeu, o que está corretíssimo. A propósito, como se afirma ali, o puritanismo tinha o objetivo de purificar a igreja anglicana de alguns de seus excessos e incongrências radicais, e para tal empresa assumira os princípios do calvinismo.
De tal fonte surgiram, por exemplo, os movimentos moralizantes que nos EUA se lançaram, em meados do século XX, numa cruzada contra as bebidas alcoólicas, diz Curzio Nitoglia. De tal fonte surgiu, por exemplo, a moral naturalista que hoje se mescla ao Catocilismo modernista e se lança numa cruzada contra o aborto** — o que, a princípio, parece assemelhar a Igreja ao protestantismo (no Brasil, tal consórcio acidental se dá com várias seitas evangélicas, que a propósito defendem publicamente com mais vigor a lei natural do que a Igreja representada pela marxista CNBB. É um dentre tantos retratos de como a Igreja Católica, fechando-se ao sobrenatural, primeiramente se naturalizou e depois simplesmente se desnaturou).
Diz mais o ótimo D. Nitoglia:
“Temos de admitir que, em geral, o Catolicismo norte-americano, mesmo o pré-conciliar, é rico em [ecumêmica] tolerância por princípio e em uma excessiva integração que tornou o ambiente católico muito similar ao da maioria protestante”.
Ocorre que, do ponto de vista católico tradicional, a única e verdadeira Igreja de Cristo, a vera religio, é a católica, razão pela qual só podemos chamar de “cristãs” as seitas desgarradas, desligadas ou afastadas da Santa Sé por uma muito forçosa analogia.
Por estas e outras razões, o cristianismo predominante nos EUA (ponho-o em minúscula propositadamente), devido a ser uma mescla de puritanismo calvinista e modernismo católico, não é outra coisa senão o monumental instrumento para o estabelecimento do governo mundial do anti-Cristo.
Uma perguntinha: porventura poderá haver no céu algo semelhante à anticatolicíssima Primeira Emenda norte-americana? Bem, eximo-me aqui de mencionar uma avalanche de citações do Magistério solene da Igreja contra esse tipo peculiar de “liberdade” de expressão de idéias e — dada a natureza das relações entre o poder espiritual e o poder material — contra a separação entre o Estado e a Igreja, na forma da lei positiva humana...