Sidney Silveira
A perfeita submissão da potências inferiores da alma às superiores será, de acordo com Santo Tomás, uma das notas distintivas dos corpos dos glorificados que verão a Deus. Hoje, como a experiência o mostra de forma inequívoca, estamos sujeitos às intempéries das paixões (que são um movimento veemente do apetite sensitivo), o que muitas vezes nos impede de alcançar a excelência do ato propriamente humano. Em resumo, ser o que essencialmente somos tornou-se algo custoso, após o pecado original. À luz dessa observação torna-se especiosa a frase de Píndaro: “Homem, torna-te o que tu és”!
A perfeita submissão da potências inferiores da alma às superiores será, de acordo com Santo Tomás, uma das notas distintivas dos corpos dos glorificados que verão a Deus. Hoje, como a experiência o mostra de forma inequívoca, estamos sujeitos às intempéries das paixões (que são um movimento veemente do apetite sensitivo), o que muitas vezes nos impede de alcançar a excelência do ato propriamente humano. Em resumo, ser o que essencialmente somos tornou-se algo custoso, após o pecado original. À luz dessa observação torna-se especiosa a frase de Píndaro: “Homem, torna-te o que tu és”!
Diz o Aquinate na obra-prima Compêndio de Teologia:
“Os corpos dos beatos ressurgidos não serão corruptíveis, nem retardadores [das ações próprias] da alma, não lhe resistindo em nada. (...). Daí se pode concluir qual seja a constituição dos corpos dos glorificados. A alma é forma e motor do corpo. Como forma, não apenas é princípio do corpo quanto ao ser substancial, mas também quanto aos acidentes que não são causados no sujeito pela união da forma com a matéria. Além disso, quanto mais forte for a forma, tanto menos terá a sua atuação sobre a matéria impedida por algum agente externo. (...) Ora, como a alma beata estará em sumo grau de nobreza e de força, porque unida ao primeiro princípio de todas as coisas, ela conferirá ao corpo a si divinamente unido, em primeiro lugar, o ser substancial, tendo-o sob o seu império de modo nobilíssimo, e, por isso, ele será sutil e espiritual. Dará também a alma ao corpo uma outra qualidade nobilíssima, qual seja, a glória da claridade, e, em virtude dela, o corpo não poderá ser modificado na sua disposição, que é a de ser impassível; e porque também ele obedecerá totalmente à alma, como o instrumento obedece ao agente motor, tornar-se-á ágil. São, portanto, quatro as condições dos corpos dos beatos: sutileza, clareza, impassibilidade e agilidade”.
Ah, Tomás, deste pequenino trecho sobre o estado perfeito que nos espera no céu tantas ilações podemos fazer com relação ao nosso atual estado!