Sidney Silveira
Aprendemos nas aulas de biologia que alguns
bichos, como o escaravelho, se alimentam de merda. Há espécies deles, como o
popular escaravelho vira-bosta, que parecem comprazer-se sumamente em suas
atividades excrementícias, pois juntam considerável quantidade de cocô alheio —
não raro muito superior ao peso do próprio corpo — e rolam essas volumosas bolas
de fezes até as suas tocas, onde se empanzinam de esterco ao ponto de se sentirem
repletos e regalados como os mais insaciáveis glutões de que se tem notícia. Por
exemplo? O rico romano Trimalcião, personagem do Satyricon de Petrônio, que, para exibir-se perante comensais
devoradores de chouriços e lingüiças, manda estripar um porco à frente de todos.
Em resumo, degustar dejetos é a natural apetência desse escaravelho, êxtase
merdoso no qual a sua vida alcança o ápice.
Ora, que besouros esquisitos comam dejetos até a
repleção, vá; assim cumprem certa função na natureza e contribuem para o
equilíbrio de alguns ecossistemas. Mas que homens se empanturrem de cocô
mental, encontrando nesta infausta atividade alguma graça, por menor que seja, é
um mistério absolutamente irresolvível para os maiores gênios que a filosofia já produziu,
desde a Antiguidade mais remota aos tempos atuais.
Refiro-me ao grupo de “humoristas” chamado Porta dos Fundos, cujo sucesso é um dos
vários signos distintivos do oceano de insanidade em que o Brasil se afoga.
Trata-se de jovens flagrantemente estúpidos que se imaginam intelectuais a
fazer humor “crítico”, em boa parte voltado contra a religião — particularmente
a católica. Pelas entrevistas de algumas dessas criaturas em programas não
menos lamentáveis que o tipo de “humor” que pensam praticar, de imediato se aquilata
o quanto se irmanam nestas cabeças-de-bagre duas coisas que, juntas, são sempre
nitroglicerina: soberba e ignorância. O rapazola chamado Gregório Duvivier a
falar sobre ateísmo, por exemplo, deixaria os ateus teóricos de antanho vexados!
Certamente lhe chutariam os fundilhos e o expulsariam pela porta dos fundos do
seu clube.
Infelizmente, não estou à frente de um programa
de entrevistas desses, pois reduziria a pó-de-mico o discurso desses
pobres-diabos, com requintes de crueldade intelectual. Mas, como isto jamais
acontecerá, limito-me a fazer referência a alguns dos últimos episódios desta
camarilha de ignaros pretensiosos — sobretudo o blasfemo e sacrílego especial de Natal — para
dizer o seguinte: todos os advogados, juízes, representantes do Ministério Público, procuradores e desembargadores católicos em geral, gente que conhece bem os trâmites do Judiciário, têm o DEVER de encher essas pessoas com tantos processos que elas passem o próximo
ano tendo imenso trabalho para responder um a um. Os crimes que cometeram, sob o falso pretexto da “liberdade de expressão”,
constam do Código Penal brasileiro.
Quanto a Fábio Porchat, um dos mais conhecidos
da trupe, não resistiria a cinco minutos de sabatina com um bom entrevistador
que questionasse o ataque sistemático que, sob a falsa capa do humor, o grupo anda fazendo à religião por cujo intermédio foram lançadas todas as bases da civilização que, por várias razões, hoje rui tendo como símbolo da queda pessoinhas como ele, culturalmente patéticas porém de um esperto senso
de oportunismo. Ele passará; ela não.
Pela portinha dos fundos desse pessoal sai uma
bosta que nem o mais faminto escaravelho suportaria comer...
P.S. Perdoem os amigos pela referência chula, desta vez inescapável, no título deste breve texto. A analogia pareceu-me necessária e pertinente.