Sidney Silveira
Nasceu o menino Deus.
"Miraculum omnium miraculorum", diz Tomás de Aquino fazendo referência a São João Damasceno. Milagre de todos os milagres, mistério inefável da união entre a natureza humana e a divina na Pessoa do Verbo Encarnado, Jesus Cristo.
Eis o sentido do Natal, a ser contemplado acima de todos os demais: "Verbum caro factum est" — o Verbo se fez carne. Todos os outros aspectos celebrados neste supremo ato da misericórdia divina para com a corrompida natureza humana estão ordenados ao mistério do amor infinito que, em sua epifania maior, se manifesta entre as coisas finitas. Dádiva das dádivas, gloriosa humildade e projeto de deificação do homem.
Para apontar isto, cito as palavras do Doutor Comum da Igreja em seu "Comentário ao Credo" que indicam o caráter deificante da Encarnação: "Et sic factus est homo, ut hominem faceret Deum" (E se fez homem, para o homem fazer-se Deus).
Com o nascimento de Jesus, a eternidade elevou o tempo à sua plenitude.
Nenhum indício da caridade divina pode ser mais evidente que o de Deus Se fazer homem para resgatar o homem, levá-lo à plenitude máxima. O contato com o triunfante amor infinito era a única maneira de regenerar o homem, fazê-lo compreender o quanto se degrada por todos os atos, palavras, pensamentos e omissões que o afastam de Deus. Daí a excelsa conveniência da Encarnação.
Oh! Vinde todos e adoremos o Salvador.
Este é o único verdadeiro voto de Feliz Natal.
Que nesta noite então nos deixemos entranhar por esta verdade de incomparável beleza: