Sidney Silveira
Os acontecimentos recentes da Igreja apresentam-se como ensejo para reolharmos com especial atenção os extraordinários fatos sucedidos entre 1961 e 1965 (ou seja: em tempo coincidente com o do aggiornamento da Igreja operado pelo Concílio Vaticano II), na pequena aldeia espanhola de San Sebastián de Garabandal. Primeiramente porque o Santo Padre Pio — taumaturgo extraordinário — lhes deu crédito. Mas também, e sobretudo, pela enorme gravidade da mensagem de Nossa Senhora, que, entre outras coisas, dissera às quatro jovens videntes o seguinte:
Ø A partir de então — e estávamos sob João XXIII —, haveria apenas mais quatro Papas antes da marcha do fim dos tempos (sendo o renunciante Bento XVI exatamente o quarto deles).
Ø O fim dos tempos seria precedido de um Aviso, um Milagre e um Castigo sem parâmetro na história da humanidade.
É verdade que a Igreja não reconheceu oficialmente as aparições em Garabandal. Mas também não as condenou. Ademais, se associarmos Garabandal às reconhecidas aparições marianas de La Sallete, Lourdes e Fátima, teremos material suficiente para refletir sobre o abominável momento presente, em que a débâcle doutrinária ganha caráter materialmente universal, no seio da Igreja. Só os cegos voluntários se recusam a ver, assim como os católicos tomados por um senso de naturalismo prático absolutamente contrário à fé e tão criticado pelos Doutores e pelo Magistério.
Seja como for, o estudo destes eventos fora do comum é algo pertinente. A morte extática do Padre Luis María Andreu, teólogo de talento que, a princípio, se mostrara cético quanto às aparições, e o milagre da Hóstia materializada na boca de Conchita González diante de muitas pessoas (há um famoso registro fotográfico acerca disto), entre outros eventos, são indicativos suficientes para refletirmos sobre as nossas próprias vidas e, como pediu Nossa Senhora em Garabandal, para fazermos penitência e visitarmos com a maior freqüência possível o Sacrário. Sempre com confiança inabalável em Deus, ou seja, imbuídos da verdadeira esperança cristã, que, segundo Santo Tomás de Aquino, tem como objeto formal a Deus auxilians, quer dizer: ela traz a certeza do socorro divino para aqueles que amam ao Senhor e procuram guardar os Seus mandamentos, mesmo em meio a quedas e momentos de fraqueza e tentação.
Trata-se, como dizia o próprio Doutor Comum, de uma certeza de tendência (“spes certitudinaliter tendit in suum finem”), que obviamente não se refere à nossa própria salvação — pois isto seria pecado de presunção gravíssimo —, mas uma certeza que, sob a luz da fé, indica estarmos na direção do fim querido por Deus. Esta é a esperança dos que crêem em Cristo e dos que crêem a Cristo, e, como explica o nosso Vieira no Sermão da Quinta Dominga da Quaresma, "crer em Cristo é crer o que Ele é, crer a Cristo é crer o que Ele diz".
Advirtamos: este é um momento propício para estudarmos com prudência Garabandal, pois, como se disse, sobre esta aparição a Igreja ainda não bateu o martelo, e só Deus Pai sabe a hora. Não se trata, pois, de fazê-lo ao modo de um procedimento adivinhatório, mas por simples obediência a Cristo — que nos diz na Sagrada Escritura para estarmos atentos aos sinais dos tempos que precederão à Parusia. A postura contrária a esta é a do otimismo beócio que oculta uma fé tíbia e mascara a demasiada confiança nos negócios humanos.
É abundante na internet o material sobre as aparições de Garabandal e a mensagem da Virgem acerca do Aviso, do Milagre e do Castigo que antecederão ao fim dos tempos.