sexta-feira, 16 de julho de 2010

Novo número da revista “Le Sel de La Terre”: o Pe. Julio Meinvielle





Sidney Silveira
Está estupendo o número 73 da revista Le Sel de La Terre, dos dominicanos de Avrillé, como se pode ver pelo índice acima.

Um dos artigos, particularmente, interessa: o breve ensaio Un Théologien de l’Histoire, sobre o Pe. Julio Meinvielle, que traça um perfil desse combatente argentino que, entre vários méritos intelectuais, teve o de refutar de forma definitiva os funestos erros de Jacques Maritain em dois livros: Problèmes temporels et spirituels d’une nouvelle chrétienté e Humanisme Intégral. Erros com relação ao conceito de "pessoa humana" que tanta influência tiveram entre teólogos modernistas que seriam peritos do Concílio Vaticano II. A propósito, não é ocioso lembrar que Maritian foi aclamadíssimo ao final do Concílio; foi, sem dúvida, um de seus inspiradores filosóficos.

O artigo nos remete a inúmeros insights da obra de Julio Meinvielle. Este nos advertira que a trama histórica não é apenas o tecido complexo e heterogêneo das ações humanas, mas, sobretudo, o pensamento de Deus escrito no tempo. Neste sentido, a história seria a luta entre os direitos de Deus sobre as criaturas e a revolta orgulhosa destas com relação àqueles. Para a teologia da história do Pe. Meinvielle, os três protagonistas dessa trama são, inequivocamente, Deus, o diabo e o homem.

A análise de Meinvielle sobre as revoluções que puseram abaixo o edifício da Cristandade a partir do Renascimento é de grande argúcia. São três, em síntese: a revolução religiosa de Lutero, que inaugura uma cultura naturalista e racionalista; a revolução liberal, política, de 1789, que engendra o materialismo em sociedades cada vez mais fechadas à graça de Deus; e a revolução comunista, que lança a pá-de-cal sobre os verdadeiros valores cristãos, inaugurando um despotismo genocida sem precedentes, igualmente materialista. Protestantismo, liberalismo e comunismo representam, na lúcida análise do Pe. Meinvielle, as três grandes revoluções que configuram o mundo em decomposição em que hoje vivemos. Três grandes revoluções regidas por impecável lógica interna.

Os livros Crítica de la concepción de Maritain sobre la persona humana e De Lammenais a Maritain estão nos respectivos links. Aconselho grandemente a leitura.