Os cavaleiros do Apocalipse, Gustave Doré
Sidney Silveira
Final dos tempos: necessidade metafísica contemplada pela teologia sagrada
Ter fé não é a mesma coisa que estar na fé. A distinção é simples: ter fé é simplesmente crer, e estar na fé é crer na Sagrada Escritura, assim como em seu intérprete espiritual abalizado, o Magistério da Igreja. No primeiro caso, de acordo com Santo Tomás de Aquino, trata-se do ato próprio da fé; no segundo, do objeto material da fé, que não é outro senão a Revelação. O católico não apenas tem fé, mas precisa estar na fé.
Tudo isso levando-se em conta que a fé, por não ser passível de demonstrações racionais, é dádiva de Deus à qual a tradição teológica chamou virtude teologal infusa – força que vem do Alto e se torna habitual na mente de quem crê. Assim, se o fiel crê na Virgindade Perpétua de Maria, não o faz porque descobriu tal verdade por meio de inquirições quaisquer, mas porque a recebeu como selo espiritual indelével que leva a razão prática a anuir, a lhe dizer “sim”.
Quem está na fé crê, portanto, que haverá o momento derradeiro do mundo, após o qual as coisas não serão como hoje as conhecemos. Crê que haverá o momento derradeiro do devir histórico, amálgama das vicissitudes humanas no decorrer do tempo. Crê que surgirá o homem ímpio, o Anticristo, após uma apostasia da fé como nunca até então se viu, na Igreja e no mundo. Crê que Cristo virá novamente, desta vez não como cordeiro a ser imolado, mas em glória e poder. Crê, por fim, no Juízo Final, que destinará individualmente as pessoas ou à pena eterna ou à visão beatífica da essência divina: reprovação ou salvação.
Estamos no âmbito do mistério, e é justamente aqui que se insere o Comentário à Epístola de São Paulo aos Tessalonicenses de Tomás de Aquino. Nele, o Aquinate põe a lupa num dos mais terríveis textos da Escritura, em que São Paulo escreve acerca do final dos tempos. Em síntese, com a habitual argúcia teológica, com a habitual capacidade dedutiva, com a habitual clareza expositiva frei Tomás mostra que o Anticristo, quando vier, será recebido por muitos na própria Igreja.
Embora trate de questões teológicas, este precioso comentário à Sagrada Escritura tem como objeto um acontecimento que também pode ser vislumbrado pela razão natural, a saber: a impossibilidade de que o tempo não termine, caudatária do fato – demonstrável pela razão – de que não se pode remontar ao infinito nas causas essencialmente ordenadas, e portanto o tempo, que teve um começo, devido à sua natureza de “contagem do movimento”, não pode ser eterno.
Quem apoiar o projeto e adquirir esta obra inédita em português, saiba que terá em mãos um tesouro espiritual de grande valia, nestes tempos de inegável confusão espiritual e política por que o mundo passa. Saiba que terá em mãos um dos notáveis comentários bíblicos de Santo Tomás de Aquino – os quais muitas vezes são deixados de lado inclusive por estudiosos dos seus escritos.
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