Sidney Silveira
Um homem sabe se tem ou não amigos quando está doente, endividado, sozinho, sem emprego, derrotado em seus projetos e, em suma, desamparado. Ou melhor: nestas ocasiões ele consegue distinguir os reais amigos dos parasitas morais que, até então, o rodeavam; consegue ver quem o ama de verdade, e quem apenas se aproxima dele por interesses mesquinhos. O resultado não é surpresa para ninguém — na hora do pega pra capar, quase todos desaparecem ou se omitem.
Tive recentemente esta experiência, e agora posso dizer que conheço na prática o que, até então, só conhecia em teoria: a) o meu problema cardíaco congênito se agravou grandemente no primeiro semestre deste ano, e hoje a minha melhora se deve a uma disciplinada terapia medicamentosa, mas ainda convivo com altos e baixos; b) perdi o excelente emprego que, desde o ano de 2000, era meu ganha-pão, embora graças a Deus já esteja trabalhando noutro; c) endividei-me, devido a um conjunto de circunstâncias pessoais, e me atolei na ciranda financeira que impera no Brasil, de juros bancários indecentes; d) fiquei sem plano de saúde e, enquanto não me associo a outro em condições minimamente aceitáveis, estou tendo de pagar por exames médicos proibitivamente caros, sabe Deus como.
Brazil, land of hope and opportunities!
Devido a tudo isso, os projetos de divulgação da filosofia e da teologia de Santo Tomás de Aquino (principalmente a publicação de livros, mas também a realização de palestras, eventos e cursos até então gratuitos), que já vinham perdendo velocidade, quase estagnaram, porque sempre tirei do próprio bolso a grana para tocá-los. Com a criação do site do Instituto Angelicum, hoje em fase de construção, eu e outros professores esperamos iniciar uma série de cursos de filosofia tomista, de história medieval e de idiomas pela internet, e isto trará um alento ao projeto. A propósito, cada vez mais me convenço de que este é o papel que nos cabe: difundir a obra de Santo Tomás de Aquino no Brasil. E ponto. Um serviço prestado para futuras gerações de estudantes de filosofia e teologia, assim como seminaristas.
Não se confunda o que escrevi acima com chororô, pois sei muitíssimo bem que o jogo é jogado e na vida se perde e se ganha. Apenas registro estas coisas motivado pela audição do link enviado por meu irmão, Ricardo da Costa, em que ao final o Prof. Olavo de Carvalho agradece pela crítica positiva que fiz ao seu livro Maquiavel ou a Confusão Demoníaca, no primeiro texto da série que estou escrevendo sobre o maligno Florentino. Olavo fez algo que muitas pessoas (algumas próximas e catolicíssimas) se mostraram incapazes de fazer: referindo-se generosamente à minha doença, agiu efetivamente para, de alguma maneira, minimizar o problema: sugeriu que eu abrisse uma conta do PayPal e a colocasse aqui no blog para receber doações, as quais serviriam tanto para o meu momento atual de dificuldades financeiras e urgências médicas, como também para não pararmos com este trabalho — que inclui a publicação de obras de Santo Tomás, de tomistas e de autores ligados, direta ou indiretamente, à filosofia medieval.
Ora, tendo Olavo tantos fiéis leitores e alunos, sabe muito bem que um conselho como o seu há de gerar ações efetivas por parte de almas generosas e de gente interessada em apoiar o nosso projeto. E ainda que não gere nada, não importa: no plano moral, as ações valem pelo fim a que se ordenam, e não pelos resultados materiais que possam produzir.
Em vista disso agradeço penhoradamente a você, Olavo. E reitero o que disse em um texto anterior: ao escrever uma série de textos sobre Maquiavel, não me pareceu honesto deixar de mencionar um autor brasileiro que recentemente publicou uma relevante obra sobre o tema, com reais achados em vários capítulos, como por exemplo nos que se intitulam "Camadas de sentido" e "Inversão paródica do cristianismo" (obra em relação à qual eu teria uma isolada indagação a lhe fazer, mas noutra oportunidade). Seria, pois, tola picuinha omiti-la ao falar qualquer coisa sobre o autor d'O Príncipe, mas graças a Deus a doença me deu uma nova perspectiva e renovou o meu olhar na consideração das efemérides do mundo como aquilo que exatamente são: palha.
Você, Olavo, foi muito além da obrigação moral e da honestidade intelectual; agiu como samaritano, ou seja, propôs algo efetivo para ajudar uma pessoa que nunca pertenceu ao seu grupo de amigos, ou melhor: alguém com quem brigou áspera e publicamente não faz muito tempo.
Se porventura o meu elogio ao seu livro sobre Maquiavel é insuspeito, a sua generosa atitude para com a minha pessoa é muito mais do que insuspeita; é grandemente meritória e me comoveu de verdade.
Muito, muitíssimo obrigado. Que Deus lhe retribua em triplo, e que Nossa Senhora — Omnipotentia Supplex — rogue a seu divino Filho por você, no sentido de que alcance o perdão dos pecados e a glória da visão beatífica.
Em tempo: Não estou em condições materiais de negar qualquer ajuda (por escrúpulos que, até então, sempre tive) e farei exatamente o que me aconselha Olavo no vídeo acima citado, indicando, a seguir, duas contas-correntes:
Ø uma para os amigos que caridosamente quiserem ajudar-me no plano pessoal, pois as dificuldades são infelizmente reais, mas se Deus quiser momentâneas;
Ø outra para quem tenha interesse específico em apoiar a publicação de livros;
Ø e, por fim, o link do PayPal — que ficará afixado na lateral do Contra Impugnantes, para quem prefira esta forma de apoio.
Nestes dois últimos casos, os recursos serão totalmente direcionados ao trabalho do Instituto, que, como anunciei há algum tempo, está prestes a apresentar a publicação de As Heresias de Pedro Abelardo, de São Bernardo de Claraval (em primorosa tradução do meu querido amigo Carlos Nougué e, num trecho específico, de Renato Romano), pois mesmo na penúria foi possível gerar — em paralelo — algum dinheiro para o projeto não morrer. Lembro, a propósito, que o recém-lançado livro Inteligência e Pecado em Santo Tomás continua à venda.
Eis os dados:
Pessoa física:
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
AG. 3106
C/C: 749-0
OPERAÇÃO. 001
Pessoa Jurídica:
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
INSTITUTO ANGELICUM
AG. 3106
C/C: 751-9
OPERAÇÃO. 003
CNPJ. 14.990.878/0001-26