quinta-feira, 17 de junho de 2010

A viuvez honrosa

Sidney Silveira
Não pude deixar de me comover com este depoimento de D. Ivone Fedeli a respeito do seu falecido marido Orlando. Luto sóbrio, digno. Postura de esposa amorosa e zelosa das coisas do marido relativas à fé. Bem diz a Escritura quando afirma que a graça de uma mulher virtuosa rejubila seu marido; e o sol que se levanta nas alturas de Deus é como a beleza de uma mulher honrada, ornamento de sua casa; e ainda: como a lâmpada que brilha no candelabro sagrado, assim é a beleza do seu rosto na idade madura (Eclesiástico, 26).

Lembrei-me do trecho da Suma (I-II, q. 38., arts. 2 e 3) em que Santo Tomás, em dois artigos correlatos, aponta três remédios para mitigar a tristeza:

a) o deleite nas coisas verdadeiramente boas;
b) o pranto temperado por lágrimas, pois distende as energias psíquicas até então concentradas num ponto, trazendo alívio;
c) as condolências dos amigos que, nas tribulações, participam efetivamente do sofrimento do ente querido, razão pela qual diz o Aquinate que os amigos contristados demonstram um amor que consola.

Com isto, dado que no enterro não tive a oportunidade de falar-lhe pessoalmente, pois havia muitas pessoas, posso ao menos de longe dizer três coisas, tendo em vista os ensinamentos do nosso amado Doutor Comum da Igreja:

a) que a constância na Eucaristia, bem sumo da vida católica, lhe seja um deleite grandemente consolador;
b) que a sua tristeza seja mitigada por lágrimas de amor que, com o tempo, se transformarão em doce saudade;
c) que os amigos ajudem a aliviar a dor, para que a tristeza equilibrada jamais se transforme na tristeza má chamada desespero.
Saudações, em Cristo,
Sidney