segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Um breve curso de teologia da história

Sidney Silveira

DERROTADO POR ARROUBOS INFANTIS de dor e de prazer fugaz, o homem contemporâneo — espiritualmente desconjuntado — não compreende a bondade e a maldade extremas. Na verdade, sequer é capaz de concebê-las, daí o santo ser não apenas inaceitável, mas falso aos seus olhos, assim como o malicioso que arquiteta o domínio, e a posterior destruição, da alma alheia.

Tal mediocridade metafísica leva as pessoas a uma vida sem dilemas decisivos, a uma existência feita de pequenas insatisfações cotidianas e de vontadezinhas regaladas, espécie de superficialidade invencível.

Não é outra a razão de os homens animicamente emasculados dos dias que correm haverem perdido o sentido de unidade de suas próprias biografias pessoais, dada a dificuldade de enxergarem conexões entre causas e efeitos relacionados aos seus atos. Mas pior, muito pior: eles não compreendem que o movimento da história não se faz nem se perfaz de acontecimentos fortuitos, e sim de forças e contraforças em permanente embate, às quais o cristianismo chamou "bem" e "mal".

Neste contexto, o curso "O Papa do fim do mundo?", do Instituto Angelicum, tem por objetivo mostrar que, diante de situações calamitosas, não há placebos nem lenitivos capazes de desembaçar a vista: é preciso escavar até encontrar — por sob os sinais do devir histórico — premissas conducentes aos motores por cujo intermédio o mundo hoje caminha para o governo mundial sonhado por Dante no longínquo canto de cisne político da Cristandade: a sua obra "De Monarchia", signo eloqüente do trânsito, no plano das idéias, entre a teocracia medieval e o humanismo que se lhe seguiu.

A lepra da qual padece a alma pós-moderna é a mornidão intelectual e moral, e esta provém duma espiritualidade rasteira porque totalmente desprovida de sentido do mistério. Em homens feitos deste barro ruim, enceguecidos voluntariamente, a alegria é dissipação, as lamúrias são pueris, os medos são mesquinhos e o silêncio interior — sem o qual é impossível dar um passo atrás e contemplar a realidade com profundidade — é inexeqüível.

Na prática, o homem deste começo de século XXI vai perdendo os contornos definidores da condição humana, porque foi adestrado para não pensar. Por isso, não é trabalho ocioso chamá-lo a indagar acerca dos sinais dos tempos, ou seja, convidá-lo a sair do estado lisérgico que faz dele uma marionete de forças sequer espreitadas por sua inteligência debilitada.

Mais do que se valer da História da Igreja à luz de seu Magistério, da teologia e do Código de Direito Canônico, o curso "O Papa do fim do mundo?" se propõe servir como ponto de inflexão para que os alunos enxerguem a "haute magnificence de coeur", a alta magnificência do coração, como chamava o cronista Georges Chastellain (1405-1475) ao ponto de observação a partir do qual o homem se torna capaz de ver as coisas tais quais são.

INFORME-SE ACERCA DO CURSO no link abaixo: