segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Arte e audácia

Sidney Silveira

AUDÁCIA É UMA QUALIDADE comumente encontrável entre canalhas de estrita observância, assim como entre fanáticos, genocidas e psicopatas em geral. Em síntese, trata-se da perversão da virtude da coragem, a qual é especificada pelo fim intrinsecamente bom da ação.

Santo Tomás sabia das coisas quando explicou de que modo a audácia pode opor-se à virtude cardeal da fortaleza.

Apenas em sociedades infantilizadas, que perderam completamente o sentido superior da arte (como reta razão no fazer orientada a um bem real), é possível enumerar a audácia entre as qualidades louváveis num artista.

No tempo em que ser artista se resume a continuamente afrontar o mundo em busca de novos "paradigmas", não é de estranhar que um dia alguém apresente como arte o ato de escarafunchar — em público — o ânus alheio.

Sim, no universo mental dos audazes, a arte cedo ou tarde acaba por ser identificada com o ato de fazer merda ou de fuçar merda.