terça-feira, 5 de março de 2013

Feita a pequena correção ao texto sobre a renúncia de Bento XVI


Sidney Silveira
Antes de tudo, reitero o meu agradecimento ao Pedro, que observou um erro no artigo inicial a respeito do conceito de consciência segundo o (então) Cardeal Ratzinger. Feita, pois, a correção, a forma final do texto ficou sendo esta.
Relendo agora com cuidado quadruplicado tanto o artigo do teólogo alemão como o texto publicado no Contra Impugnantes, percebi algo curioso: aquele erro afetava o texto materialiter, mas não formaliter — como diria um escolástico. Em palavras simples: ele se referia a um elemento que não interferia na conclusão em absolutamente nada.
Mas o interessante é que a coisa se apresentou ainda mais dificultosa, e podemos resumi-la assim: mesmo dominando os termos liberdade e consciência, Ratzinger concluía contrariamente aos elementos de que dispunha. A propósito, este sestro é típico em filósofos (ou teólogos) com formação hegeliana — tese, antítese e síntese. Mas, neste caso, a síntese sequer subministrava qualquer base para o ponto central do seu artigo, que era o seguinte: todo o poder do Papado, em sua opinião, ancora-se na consciência.  São palavras literais, escondidas no meio do texto.
Portanto, as mudanças feitas não apenas não afetaram a conclusão, mas a tornaram mais substanciosa, porque ficou mais claramente demarcada a diferença entre o pensar tradicional católico e o modernista. Este último vê a dicotomia autoridade x consciência individual como um problema, mesmo quando parece dizer o contrário. A ponto de, no caso do então Cardeal Ratzinger, estabelecer-se a premissa de que, sem consciência, não haveria Papado (palavras também literais). Ora, por mais que sejamos hermeneuticamente benevolentes, não podemos aceitar tal proposição senão como uma fórmula equívoca que dá margem a muita confusão doutrinal.
Uma vez mais, fica o meu agradecimento ao leitor crítico que apontou, com razão, a incongruência num tópico do texto inicial — e convido os nossos leitores a reler o artigo Renúncia simbólica ao poder espiritual, num mundo sem fé.