quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Camões, um gigante



Sidney Silveira

COMEÇO DE 2015

LUÍS DE CAMÕES no Instituto Angelicum

Neste breve trecho de vídeo, o Prof. Sergio Pachá dá-nos um tira-gosto do curso sobre "Os Lusíadas" — que vem aí...

História e literatura, juntas!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Santo Tomás x Freud - O Aquinate explica!




Sidney Silveira

O HANGOUT sobre Tomás de Aquino e Freud: 
PEQUENAS IMPERFEIÇÕES NÃO DEVEM SER OBSTÁCULO

Entre lancinantes suores, no dantesco calor do verão carioca, digno da décima vala de Malebolge, não há como raciocinar direito. O ar-condicionado do quarto onde eu estava "bateu biela", como se dizia antigamente, e tive apelar a uma pequena toalha para enxugar-me diversas vezes.

Revi depois o vídeo e constatei que, na parte referente a Tomás, cometi pequeninas imprecisões terminológicas, numa matéria mais do que introjectada em minh'alma por anos e anos de leitura — e até uma concordância verbal fiz de maneira completamente inusual para mim.

Em suma, viva o frio!

Seja como for, cumpriu-se o objetivo: divulgar a psicologia tomista. A presidente da Sociedade de Psicólogos Católicos de Portugal, Maria José Vilaça, assistiu ao bate-papo e quer estabelecer contato com o Prof. Martín Federico Echavarría, certamente para levá-lo à terra de Camões.

Somente por isto já terá valido a pena, não obstante o hangout tenha sido interrompido porque, como alguns dizem, a conexão "foi abaixo".

Por estas e outras sempre digo a amigos e alunos: pequenas imperfeições não devem ser obstáculo. O importante é tocar os projetos com convicção, pois os frutos muitas vezes acontecem de maneira distinta da que imaginávamos.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O curso sobre a crise na Igreja

Sidney Silveira

O MISTÉRIO é, por definição, indemonstrável.

E mais: numa perspectiva metafísica, toda e qualquer inteligência finita está arrojada no mistério justamente porque não lhe é possível atualizar todos os inteligíveis da ordem do ser — pois, neste caso, ela seria Deus.

O finito não tem potência para o infinito, assim como a água não tem potência para o fogo e o tempo não tem potência para a eternidade.

Portanto, por mais que o homem cresça em ciência e sabedoria, para ele sempre haverá algo por conhecer, pois no homem ser e conhecer não têm identidade absoluta. Em palavras breves: não se pode dizer que o homem É conhecimento, senão que TEM conhecimentos.

Dada a indemonstrabilidade do mistério, o grande Doutor da Igreja que foi Tomás de Aquino sempre frisou algo totalmente ratificado pelo Magistério eclesiástico: a defesa da fé NÃO É a demonstração dos seus artigos; tentar fazer isto seria, nas palavras do próprio Tomás, tornar a fé ridícula.

A quem, pois, perguntou-me quais seriam os parâmetros do curso "O Papa do fim do mundo?", eis aqui um deles: em nenhum momento fé e razão interpolarão os limites uma da outra.

Depois escrevo mais.

A propósito, as inscrições continuam abertas:

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Bate-papo sobre os Anjos


Sidney Silveira
Com o meu nobre amigo Luiz Astorga, doutor em filosofia tomista.

A licitude da leitura sóbria dos sinais dos tempos



Sidney Silveira
É absolutamente lícito a um católico — leigo ou clérigo — especular, à luz dos sinais dos tempos, se se aproxima ou não o momento prévio à manifestação do Anticristo, prevista na Escritura. Isto foi feito no passado e continuará a ser feito ao longo do tempo, enquanto o tempo durar. Não há novidade nenhuma! A propósito, uma das características do espírito católico é justamente a vigilância, à qual todos os fiéis são chamados ao contemplar a parábola das cinco virgens néscias (Mt. XXV, 1-3), que, em razão duma culpável imprevidência, não levaram azeite em suas vasilhas para acender as lâmpadas, e, quando deram por si, viram-se sem luz, perderam as bodas e receberam a duríssima palavra do Senhor:

— Em verdade vos digo que não vos conheço.

E acrescenta Cristo, ao fim desta parábola, aos discípulos:

— Portanto vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora.

Em síntese, as palavras do Verbo Encarnado reforçam, com extrema gravidade, o convite à prontidão no tocante à Sua segunda vinda, pois o azeite simboliza justamente o Espírito Santo, o amor de Deus espraiado à criação. Esquecer o azeite, como fizeram as virgens néscias, é deixar por último o mais importante; é tresloucadamente desconsiderar a ordem de importância das coisas; é perder a noção da hierarquia dos bens integrantes do mundo real, a ser considerada em cada ato propriamente humano.

Ora, tal hierarquia é bastante simples: o espiritual está acima do material, e este é ordenado àquele.

Lembremos que a conclamação para que cada fiel esteja atento aos sinais dos tempos é veemente e inequívoca em incontáveis passagens da Sagrada Escritura. Pesemos bem as palavras de São Paulo na "Epístola aos Tessalonicenses", para ficarmos apenas com um exemplo...

Assente-se, pois, a absoluta licitude da interpretação dos sinais dos tempos À LUZ DO MAGISTÉRIO DA IGREJA, sobretudo quando tais sinais são duma eloqüência insofismável, visto que as plúmbeas nuvens da atual crise eclesiástica foram sendo denunciadas ao longo dos últimos duzentos anos pelos Papas, de maneira solene — seja no Magistério ordinário, seja no extraordinário.

Este breve texto é, pois, a resposta a dois amigos católicos que me indagaram acerca da “licitude moral” do curso “O Papa do fim do mundo? — Francisco e os sinais dos tempos”.

A cada um deles eu simplesmente disse:

> Você crê na Segunda Vinda de Cristo?
> Você crê que haverá a grande apostasia mencionada por São Paulo?
> Você crê que haverá um curto reinado do Anticristo?
> Você crê que, quando a abominação da desolação chegar ao lugar santo, próxima é a vinda do Senhor?
> Você crê no Juízo Final?
> Você crê na marca da Besta, que, segundo abalizados intérpretes, é o signo da tirania e do alcance do governo do Anticristo?
> Você crê nas profecias ratificadas pelo Magistério da Igreja, como a de La Sallete, em cujo texto se diz que no final dos tempos os clérigos serão “cloacas de impureza”?
> Você crê nas palavras dos Doutores da Igreja, como por exemplo Tomás de Aquino (o Doutor dos doutores), para quem muitos na própria Igreja acolherão de braços abertos o Anticristo?

Se você crê nestas e noutras coisas, é sinal de que está na fé e, portanto, deve manter-se vigilante, principalmente ao constatar a prevaricação generalizada dos homens do primado espiritual. A atitude contrária é, por sua vez, condenável: a pasmaceira perante escândalos em monstruosa escala, seja na perspectiva magisterial, seja na propriamente teológica, seja na perspectiva moral.

Feitas estas advertências, digamos o seguinte: no curso “O Papa do fim do mundo?” NÃO SE FARÁ nenhum exercício de adivinhação catastrofista, até porque não recebemos o dom da profecia, o qual, segundo Tomás de Aquino, é a participação da presciência divina à mente do profeta. Apenas será feito um exercício de teologia da história, o que, como se disse acima, não implica novidade alguma no mundo católico.

A novidade é a obediência cega por parte de muitos justificadores de plantão, sempre céleres e prestimosos em explicar o inexplicável, em buscar sentidos improváveis para ditos e feitos temerários. A novidade é a recepção acrítica de todos os atos das autoridades eclesiásticas, como se a obediência católica fosse um bem em si, ou algo para cuja realização o fiel precisasse jogar no lixo a sua própria capacidade hermenêutica, tão essencialmente característica de qualquer inteligência.

É evidente que, neste esforço interpretativo (reiteremos: lícito e nunca condenado pelo Magistério da Igreja), estará implicada uma visão pessoal que não prima pelo otimismo falsamente ingênuo com o qual muitos querem manter-se de olhos fechados.

Ditas estas palavras, posto aqui novamente o link com as informações para a inscrição no referido curso "O Papa do fim do mundo?":


Alguns vídeos e textos ainda serão postados antes de se encerrar o período de inscrições.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Francisco e os sinais dos tempos


Sidney Silveira

CURSO "O Papa do fim do mundo?

Agradeço ao caro Prof. CARLOS NOUGUÉ as palavras de incentivo a esta nossa iniciativa que, como ele diz neste vídeo, é espinhosa, pois com respeito a ela muitos dentro da própria escola tomista divergiram — e isto aconteceu sobretudo quando se afastaram do mestre medieval e buscaram veredas menos seguras.

As inscrições continuam abertas no link abaixo:


SÃO APENAS R$ 94,50 pelos três meses de curso!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Um breve curso de teologia da história

Sidney Silveira

DERROTADO POR ARROUBOS INFANTIS de dor e de prazer fugaz, o homem contemporâneo — espiritualmente desconjuntado — não compreende a bondade e a maldade extremas. Na verdade, sequer é capaz de concebê-las, daí o santo ser não apenas inaceitável, mas falso aos seus olhos, assim como o malicioso que arquiteta o domínio, e a posterior destruição, da alma alheia.

Tal mediocridade metafísica leva as pessoas a uma vida sem dilemas decisivos, a uma existência feita de pequenas insatisfações cotidianas e de vontadezinhas regaladas, espécie de superficialidade invencível.

Não é outra a razão de os homens animicamente emasculados dos dias que correm haverem perdido o sentido de unidade de suas próprias biografias pessoais, dada a dificuldade de enxergarem conexões entre causas e efeitos relacionados aos seus atos. Mas pior, muito pior: eles não compreendem que o movimento da história não se faz nem se perfaz de acontecimentos fortuitos, e sim de forças e contraforças em permanente embate, às quais o cristianismo chamou "bem" e "mal".

Neste contexto, o curso "O Papa do fim do mundo?", do Instituto Angelicum, tem por objetivo mostrar que, diante de situações calamitosas, não há placebos nem lenitivos capazes de desembaçar a vista: é preciso escavar até encontrar — por sob os sinais do devir histórico — premissas conducentes aos motores por cujo intermédio o mundo hoje caminha para o governo mundial sonhado por Dante no longínquo canto de cisne político da Cristandade: a sua obra "De Monarchia", signo eloqüente do trânsito, no plano das idéias, entre a teocracia medieval e o humanismo que se lhe seguiu.

A lepra da qual padece a alma pós-moderna é a mornidão intelectual e moral, e esta provém duma espiritualidade rasteira porque totalmente desprovida de sentido do mistério. Em homens feitos deste barro ruim, enceguecidos voluntariamente, a alegria é dissipação, as lamúrias são pueris, os medos são mesquinhos e o silêncio interior — sem o qual é impossível dar um passo atrás e contemplar a realidade com profundidade — é inexeqüível.

Na prática, o homem deste começo de século XXI vai perdendo os contornos definidores da condição humana, porque foi adestrado para não pensar. Por isso, não é trabalho ocioso chamá-lo a indagar acerca dos sinais dos tempos, ou seja, convidá-lo a sair do estado lisérgico que faz dele uma marionete de forças sequer espreitadas por sua inteligência debilitada.

Mais do que se valer da História da Igreja à luz de seu Magistério, da teologia e do Código de Direito Canônico, o curso "O Papa do fim do mundo?" se propõe servir como ponto de inflexão para que os alunos enxerguem a "haute magnificence de coeur", a alta magnificência do coração, como chamava o cronista Georges Chastellain (1405-1475) ao ponto de observação a partir do qual o homem se torna capaz de ver as coisas tais quais são.

INFORME-SE ACERCA DO CURSO no link abaixo:

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O matrimônio entre Maria e José


Sidney Silveira

MEU QUERIDO AMIGO Carlos Pinto — católico — indagou-me se entre Nossa Senhora e São José houve legítimo matrimônio. Reproduzo aqui a resposta, salientando que ela bebe da fonte de lugares teológicos nalgum momento consagrados pelo Magistério da Igreja e pelo Código de Direito Canônico, mas não pretende nem de longe exaurir esta questão complexa.

Seja como for, neste tempo do Advento, a pergunta pareceu-me oportuna.

LÁ VAI a resposta:

"Carlitos, tentarei ser breve. A palavra “matrimônio” vem do latim “matris munium” = ofício de mãe. Na prática, a sua essência radica no mútuo consentimento entre os que o contraem livremente em vista de fins específicos, e tal pacto recebe o nome latino de “coniungium”, donde vem o termo “cônjuge”, cujo significado aponta para o fato de que ambos, marido e mulher, têm um JUGO COMUM.

Trata-se de um vínculo mais do que simplesmente carnal, pois, em síntese, para o católico, ser cônjuge é aliviar juntamente com outro — numa sociedade estável e indissolúvel — o jugo desta vida. São duas criaturas de alguma maneira complementares a ajudarem-se numa sociedade familiar.

No caso de Nossa Senhora e São José, uma das questões abordadas por Tomás de Aquino na “Suma Teológica” (III, q.29, art.2) é justamente a de se houve ou não verdadeiro matrimônio entre ambos. A resposta afirmativa parte, além do texto da Sagrada Escritura, da constatação de que o matrimônio é verdadeiro quando alcança a perfeição, e a perfeição de qualquer coisa pode dizer-se dupla: a) consiste primeiramente na forma da coisa, pela qual se faz partícipe duma espécie; e b) secundariamente, nas operações pelas quais alcança os seus fins próprios.

Diz o Santo Doutor: “A forma do matrimônio consiste em certa comunhão de almas pela qual cada cônjuge se obriga a guardar indivisivelmente fidelidade ao outro”.

Aqui, meu nobre cunhado, não se entenda “obrigação” em sentido negativo, mas no sentido positivo de “compromisso de amor”. E por “indivisibilidade” entenda-se uma “propriedade da unidade”. Ou seja: tudo o que é uno é indiviso quanto à essência.

Em suma, o consentimento legitimamente manifestado, realizado por duas criaturas livres e no pleno gozo de suas faculdades mentais — portanto, aptas para responder por seus atos —, perfaz o vínculo constituinte da sociedade permanente entre os esposos católicos. É a causa eficiente do matrimônio. A propósito, tal consentimento não pode ter nenhum vício de raiz: é ato voluntário, consciente e não premido por nenhum tipo de coação, sem o que estaria em jogo o seu próprio valor jurídico e, também, sacramental.

Quase todos os grandes teólogos — anteriores a Santo Tomás ou na esteira dele — concordam que a cópula carnal NÃO PERTENCE à essência do matrimônio, por ser uma de suas operações. Royo Marín chega a lembrar-nos que nem mesmo o poder de dispor do corpo do outro — ou seja: o direito de USO — é da essência do matrimônio. Não por outro motivo é possível, de comum acordo, ambos absterem-se de pagar o chamado “débito matrimonial”. Aliás, outro não foi o caso entre Maria e José, que consentiram, por beneplácito divino, na união conjugal sem cópula carnal.

Quanto a nós outros, no matrimônio é pecado relativamente grave a recusa continuada ao sexo, sem motivo muito bem justificado, da parte de qualquer um dos cônjuges — que deve ao outro o próprio corpo, e se for solicitado está comprometido a "não negar fogo". Digamos o português claro: no casamento católico, o corpo do outro pode e deve ser USADO, literalmente. Tanto o marido quanto a mulher têm DIREITO de cobrar este débito implicado na promessa fundacional a que assentiram conscientemente.

É claro que qualquer canonista, qualquer teólogo católico bafejado por ventos pós-conciliares temerá dizer que o fim último do matrimônio é a prole — em relação à qual o sexo é MEIO e não FIM. Mas não estamos aqui no puritanismo, por favor: sendo o meio proporcional ao fim, ele há de ser bom. Por isso os idiotas que não conhecem a doutrina da Igreja e dizem que ela desvaloriza o sexo não sabem o que dizem: a Igreja apenas não o toma por fim em si, pois cairíamos no hedonismo, mas o enquadra no contexto do amor conjugal, e este, por sua vez, tem entre outras coisas o sublime destino de gerar vida.

Se formos a religiões bem mais antigas veremos o quanto este sentido transcendente da união carnal também está presente. Em algumas comunidades hindus de priscas eras, por exemplo, os noivos prometiam-se mutuamente ter filhos apenas se fosse com o intuito de os livrar do “samsara” — o fluxo incessante e agônico de nascimentos e mortes.

Mas voltemos a Maria e José. Ambos consentiram livremente neste vínculo indissolúvel e fiel, cujo fim foi cumprido de maneira perfeita: o provimento da prole.

No caso, a prole era nada menos que o Verbo Encarnado.

Não podemos “demonstrar” isto a um não-católico, mas é possível, sim, apontar-lhe a razoabilidade de crer nestas palavras da Sagrada Escritura. Mas paro por aqui, meu caro, pois em caso contrário entraríamos num tema teológico distinto: o relativo aos “preambula fidei”.

Abraço, Carlitos!"

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Hangout: "O Compêndio de Teologia" de S. Tomás de Aquino



Sidney Silveira
Eu nunca havia participado de um "hangout"; esta foi, pois, a minha primeira experiência — ao lado de Renan Martins dos Santos, da Editora Concreta, e do Prof. Carlos Nougué.

O tema: a "Coleção Escolástica", que está vindo à luz pela Concreta, e nela, particularmente, o livro "Compêndio de Teologia", de Santo Tomás.